Denunciante da 'Carne Fraca' diz que descobriu fraude após retaliação

Auditor revela como descobriu o esquema de venda de carnes podres e fora de padrão

© Valter Campanato/Agência Brasil

Brasil Frigorífico 18/03/17 POR Notícias Ao Minuto

A Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira (17), teve origem nas denúncias do auditor fiscal federal agropecuário Daniel Gouvêa Teixeira, que entregou o esquema de venda de carnes podres e fora de padrão.

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De acordo com o G1, o auditor informou que a prática era comum entre os profissionais do setor de carne.

"A minha ex-chefe [Maria do Rocio Nascimento] tinha me tirado atribuições. Então, eu tive mais tempo para fiscalizar melhor os frigoríficos. A gente tem, geralmente, cinco, seis ou sete frigoríficos para cuidar. É impossível fazer um bom trabalho com esse número. Como sou mais criterioso e as empresas reclamavam de mim, eu fiquei só com dois, por retaliação. Foi aí que me debrucei em toda a pesquisa da fraude", contou Teixeira.

A chefe do Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal (Sipoa) em Curitiba, Maria do Rocio Nascimento, foi presa nesta sexta-feira (17). Seu nome é apontado como líder do esquema fraudulento.

Ainda de acordo com a reportagem, Teixeira afirma ter percebido, durante as fiscalizações, que dezenas de carretas de carne mecanicamente separada (carcaças e cartilagens de frango moídas usadas para substituir a "carne suculenta", e que pode causa doenças graves) constavam em maior número nas planilhas apresentadas pelos frigoríficos. Segundo o auditor, "a conta não fechava".

"A conta não fechava. O erro, se fosse um erro de compras, teria sido um erro em torno de 47 carretas de 27 toneladas [o que equivalente a 1.269 toneladas]. Era um absurdo. Nenhuma empresa erraria isso. Foi aí que comecei a duvidar e investigar", revelou.

"Com o custo bem abaixo do que outros, as empresas que se utilizavam desse método concorriam desigualmente e ganhavam licitações, além de terem muito mais vantagem nas vendas nas gôndolas de mercados, por exemplo", explicou.

Com o decorrer de suas investigações, percebeu outros indícios de ilegalidade, como, por exemplo, que a quantidade de carne moída era muito baixa. Por isso, resolveu denunciar o esquema.

"Ouvi relatos de funcionários que utilizavam carnes verdes, podres. Esses produtos eram limpos com ácido sórbico, para esterilizar, e vendidos. Isso é desumano. É uma deslealdade tremenda", declarou.

Leia também: Executivos dizem que propina no setor de carnes é prática antiga

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