© Fernando Frazão/ Agência Brasil
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), não compareceu à cerimônia de repatriação ao Estado de recursos desviados recuperados pela operação Lava Jato.
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O evento ocorreu na tarde desta terça-feira (21), na sede do TRF (Tribunal Regional Federal), centro do Rio, e teve a presença do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
A cerimônia marcou a repatriação de R$ 250 milhões do suposto esquema de desvios e pagamentos de propina em obras do Estado, cujo líder seria o ex-governador Sérgio Cabral, preso desde novembro.
O dinheiro repatriado será utilizado no pagamento do 13º salário atrasado de 147 mil aposentados e pensionistas do Estado do Rio, que se encontra imerso em sua pior crise fiscal.
Cabral é acusado de ser líder de esquema que cobrava até 5% das obras firmadas por empreiteiras no Estado, além de lavagem de dinheiro e ocultação de recursos no exterior. Dois de seus secretários também estão presos.
Pezão não compareceu à cerimônia desta tarde. Ele já teve arquivada uma investigação na PGR, mas está na segunda lista de Janot, encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada.
Pezão foi vice-governador de Cabral nos dois mandatos e a acumulou também o posto de secretário de Obras.
Em breve discurso, Janot afirmou que os R$ 250 milhões repatriados representam 250 milhões de sinais ao crime organizado, aqueles que "colocam a ousadia acima do poder público".
"A sociedade não suporta mais esse tipo de situação. O Estado dobrou os joelhos [para a corrupção]. Quando o Rio dobra os joelhos, o Brasil dobra também", disse Janot.
O dinheiro é proveniente de contas no exterior movimentadas por doleiros ligados ao esquema.
Os valores tinham como beneficiários Sérgio Cabral, o operador Carlos Miranda e o ex-secretário de obras do Rio Wilson Carlos.
Somente Cabral era dono, segundo os procuradores da Lava Jato, de U$ 80 milhões dos valores repatriados.
Os valores são apenas referentes aos recursos ocultados no exterior. Ainda há valores a serem repatriados de desvios em obras de projetos como PAC das Favelas, reforma do Maracanã e o Arco Metropolitano.
Nesses casos, a União também teria valores a receber, já que nessas obras teria havido desvios de recursos federais.
A repatriação antes de sentenças condenatórias ocorre por decisão do juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que concentra os processos referentes a operação Lava Jato no Rio.
"Esse dinheiro volta para onde nunca deveria ter saído", disse Janot, que não falou com a imprensa.
Em nenhum momento o nome do ex-governador Cabral foi citado no evento.Representando Pezão estava o procurador-geral do Estado do Rio, Leonardo Espíndola. Ele disse que a repatriação "contribui para minimizar os efeitos da crise". Ele evitou tecer comentários sobre o esquema de Cabral. Com informações da Folhapress.
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