Mananciais que abastecem São Paulo estão em nível crítico

Recuperá-los, com o plantio de 920 milhões de mudas, poderia custar algo entre R$ 1,4 bilhão e R$ 2,4 bilhão

© Fred Loureiro/ Secom ES

Brasil ÁGUA 22/03/17 POR Estadao Conteudo

Na comemoração do Dia Mundial da Água, um alerta: os sete principais mananciais que abastecem a macrometrópole paulista apresentam em mais da metade de sua área (54,93%) um grau de fragilidade ambiental alto ou muito alto, comprometendo sua habilidade de produzir água para a região. Recuperá-los, com o plantio de 920 milhões de mudas, poderia custar algo entre R$ 1,4 bilhão e R$ 2,4 bilhão.

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Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Labgeo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), que avaliou as áreas mais críticas, do ponto de vista da gestão hídrica, e quais são as possíveis intervenções para melhorar sua capacidade produção de água, como restauração da vegetação nativa e conservação.

No conceito de macrometrópole paulista foi considerada quase toda a porção sudeste do Estado, incluindo as regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Vale do Paraíba e litoral norte, além das aglomerações urbanas de Jundiaí, Piracicaba e Sorocaba.

O grau de fragilidade ambiental foi obtido por meio de um cruzamento de imagens de satélites, que mostram, por exemplo, o grau de cobertura vegetal do entorno, com informações sobre relevo, tipo de solo, geologia e quantidade de chuva que cai nesses locais. "Com isso podemos estimar, por exemplo, o quão suscetíveis esses locais estão a processos erosivos, uma vez que a erosão vai comprometer a quantidade e a qualidade da água", explica Guilherme Checco, pesquisador do IDS.

O mais afetado, de acordo com o trabalho, é o sistema PCJ (bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), que atende a região de Campinas e tem 48,19% de sua área com alta fragilidade, em razão de uma ocupação desordenada e da própria vulnerabilidade natural do território, que favorece o transporte de sedimentos para os corpos hídricos. Já o Cantareira, que teve a pior crise hídrica da sua história há dois anos, tem 21,6% de sua área total nessas condições.

Além do diagnóstico, o trabalho do IDS também aponta soluções. Foi mapeado o que existe de vegetação que poderia ser conservada a fim de manter a produção de água, e áreas que foram irregularmente desmatadas e poderiam ser restauradas para aumentar a capacidade dos mananciais. Pelo cálculo, nas sete áreas avaliadas há um potencial de restauração de 575 mil hectares (ha), ou 24% do total, além da proteção de outros 645 mil ha (27%). O custo disso, afirmam, seria entre R$ 1,4 bilhão e R$ 2,4 bilhões.

Mais estudos

Outro trabalho, divulgado nesta quarta-feira, 22, pelo Greenpeace sobre o Cantareira, traz um cenário ainda mais preocupante. Segundo o estudo, feito também com imagens de satélite e dados do Cadastro Ambiental Rural (em escala mais detalhada que a do IDS), 69,4% de toda a paisagem do sistema já foi alterada e 73% das áreas de proteção permanente (APPs, porção de terrenos particulares no entorno de rios que têm de ser preservadas) se encontram ocupadas, sobretudo por pastagens e plantios de eucalipto. Da vegetação natural, restam apenas 15%.

Já um outro estudo, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), aponta que, se a população da macrometrópole atingir 50 milhões nos próximos 30 anos, os investimentos para a correção dos passivos ambientais na região metropolitana ficarão elevados demais. Com informações do Estadão Conteúdo.

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