Sem citar Gilmar, Janot rebate ministro e nega vazamentos

Mendes havia acusado a Procuradoria de vazar informações sigilosas da Lava Jato para jornalistas

© Agência Brasil / Elza Fiúza

Política LAVA JATO 22/03/17 POR Folhapress

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rebateu nesta quarta-feira (22) as acusações feitas pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

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Em sessão do STF na terça (21), Mendes acusou a Procuradoria de vazar informações sigilosas da Lava Jato para jornalistas.

Sem citar o ministro, Janot disse que procura se distanciar "dos banquetes palacianos, fugindo dos círculos de comensais que cortejam desavergonhadamente o poder político".

"Repudiamos a relação promíscua com a imprensa seja nacional, seja internacional", afirmou Janot, em evento da procuradoria sobre as eleições de 2016.

"Em projeção mental, alguns tentam nivelar a todos à sua decrepitude moral, e para isso acusam-nos de condutas que lhes são próprias, socorrendo-se não raras vezes da aparente intangibilidade proporcionada pela eventual posição que ocupa na estrutura do Estado", disse o procurador-geral.

A fala de Mendes, feita em sessão do STF, mencionou a coluna do último domingo (19) da ombudsman da Folha de S.Paulo, Paula Cesarino Costa, que tratou dos pedidos de abertura de inquéritos feitos por Janot ao STF.

Segundo ela, a divulgação do material se deu pelo que chamou de "entrevista coletiva em off" -sem identificação da fonte- da Procuradoria a veículos de imprensa. Ela menciona telejornais, rádios, portais de internet, a Folha de S.Paulo e os jornais "O Estado de S. Paulo", "O Globo" e "Valor".

A ombudsman atua de forma independente da Redação da Folha de S.Paulo e tem a função de criticar as edições do jornal e representar os leitores.Gilmar Mendes disse que a Procuradoria deve explicações ao STF.

Sobre o episódio mencionado pela ombudsman, Janot declarou: "Não quero deter-me no fato específico, mas não posso deixar de repudiar com toda veemência a aleivosia que tem sido disseminada para o público nos últimos dias: é uma mentira, que beira a irresponsabilidade, afirmar que realizamos, na Procuradoria-Geral da República, coletiva em off de imprensa para vazar nomes da Odebrecht".

"Quanto a esse fato em particular posso afirmar que vários dos jornalistas aqui presentes são testemunhas deste fato. Testemunhas oculares desta mentira, desta aleivosia que foi lançada por um meio de comunicação, irresponsavelmente por um meio de comunicação", ressaltou.

"Aliás, essa matéria, que procura agredir o Ministério Público, essa matéria jornalística que sequer ouviu o outro lado, nós não fomos chamados a nos pronunciar sobre essa mentira, imputa também essa mesma prática de coletivas em off, com vistas a cometer crime de divulgar assuntos sigilosos e protegidos por sigilo legal ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e, diz a matéria, ao Supremo. Imputa essa prática como sendo uma prática corriqueira dos maiores Poderes da República", afirmou.

Novamente sem mencionar o nome de Gilmar Mendes, Janot então disse: "E apesar da imputação expressa de até ao Supremo Tribunal Federal, não vi uma só palavra de quem teve uma desinteria verbal a se pronunciar sobre essa imputação ao Congresso, ao Palácio do Planalto e até, como diz a matéria, ao Supremo Tribunal Federal", declarou o procurador.

"Só posso atribuir tal ideia a mentes ociosas e dadas a devaneios, mas, infelizmente, com meios para distorcer fatos e desvirtuar instrumentos legítimos de comunicação institucional. Refutei pessoalmente este fato para os próprios representantes do veículo de comunicação, e vou me furtar a dizer aqui o nome, eram três representantes deste veículo de comunicação que publicou essa matéria inverídica".

De fato, o editor-executivo da Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila, o secretário de Redação Roberto Dias e o diretor da sucursal de Brasília, Leandro Colon, estiveram com o procurador-geral na última segunda (20).

A visita de trabalho foi solicitada pelo jornal na quarta-feira (15) da semana anterior e confirmada na sexta (17) pela assessoria de imprensa do procurador -antes, portanto, da publicação da coluna da ombudsman do jornal, cujo teor os jornalistas desconheciam. Com informações da Folhapress.

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