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O ministro da Agricultura afirmou que há preocupação com a paralisação do mercado de venda de carnes do país, especialmente do frango.
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"Esse é um moto contínuo. Cada dia depende de outro dia e se você interrompe esse processo você tem problemas graves para retomá-lo", disse o ministro após participar de audiência pública durante pouco mais de três horas no Senado para prestar esclarecimentos sobre as providências tomadas pelo governo em relação à Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
Durante a comissão, senadores relataram que já há produtores preparando o sacrifício de pintos por não terem a certeza de que haverá venda de produtos nas próximas semanas. Frigoríficos pararam de comprar produtos ao longo da semana.
Segundo Blairo Maggi, apenas China e Hong Kong ainda não aceitaram as explicações do Brasil sobre os problemas apontados pela operação e não estão permitindo a chegada de produtos de qualquer frigorífico brasileiro.
Outros países como Japão, Argentina, Uruguai e Chile já afirmaram que apoiam as medidas tomadas pelo governo do Brasil de interditar três frigoríficos e proibir as exportações de outros 18.
Isso significa que apenas as exportações desses frigoríficos estão proibidas. Eles foram responsáveis por menos de 1% das exportações no último ano.
PREJUÍZO
O ministro da Agricultura estimou um prejuízo de 10% do volume de US$ 15 bilhões de exportações de carnes do Brasil por ano por causa dos problemas.
Mas, segundo ele, o maior problema será para cumprir uma meta estabelecida pelo governo de aumentar de 7% para 10% a participação do país nas exportações mundiais de alimentos. Para ele, agora a luta será para manter os 7%.
"A situação é muito preocupante. Foi um choque muito grande num mercado que não merecia", disse Maggi que defendeu serem pontuais os problemas de corrupção apontados pela Polícia Federal.
O ministro do Desenvolvimento, Marcos Pereira, afirmou que a denúncia também atrapalhou as negociações entre o Brasil e os países da Europa para aumentar a participação da carne brasileira nas exportações no âmbito do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.
CRÍTICAS
Maggi afirmou que apoia a operação da Polícia Federal e que a primeira decisão do governo, ainda no fim de semana, foi a de não apoiar quem tivesse feito "coisa errada". Mas, segundo ele, é necessário que o trabalho da polícia seja técnico.
A operação recebeu muitas críticas de senadores em relação à forma como foi apresentada. O ministro reclamou especificamente da confusão em relação ao possível uso de papelão na carne.
Maggi afirmou que fez questão de levar jornalistas ao local de produção citado na gravação para mostrar que o uso do papelão era para embalar a carne e não para misturar com o produto.
"Não tem como fazer um risoto de papelão com carne", disse o ministro. "É um verdadeiro papelão isso que foi feito", disse Maggi.
PARANÁ
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) criticou a forma como a Polícia Federal apresentou a denúncia e aproveitou para estender as críticas a outras operações, entre elas a Lava Jato, na qual o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, chegou a ser detido.
Ela cobrou do governo o afastamento do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, que, para ela, é "o responsável pela desconstrução da cadeia da carne no Brasil".
Segundo ela, a ex-ministra Kátia Abreu, hoje senadora, foi pressionada por Serraglio a não exonerar o fiscal.
"Ele foi flagrado na operação chamando o fiscal que está preso de meu chefe", disse Hoffman. "É um abalo sem precedentes na cadeia produtiva. Os prejuízo serão expressivos, especialmente no Paraná. A BRF de Toledo já anunciou férias para 1,5 mil funcionários". Com informações da Folhapress.
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