Após corte de verba, IBGE fará censo agropecuário 'menos detalhado'

O instituto defende, porém, que não haverá prejuízo aos resultados

© Divulgação

Brasil Campo 03/04/17 POR Folhapress

Com verba menor que a prevista originalmente, o IBGE reduziu pessoal e cortou perguntas do Censo Agropecuário que será iniciado no segundo semestre. O instituto defende, porém, que não haverá prejuízo aos resultados.

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A pesquisa, que tem por objetivo traçar um perfil da realidade do campo no país, deveria ter sido realizada em 2015, mas desde então o instituto vem tentando obter dinheiro com o governo.

A primeira versão previa gastos de R$ 1,6 bilhão entre 2017 e 2018. No ano passado, o IBGE conseguiu R$ 550 milhões para 2017 e decidiu refazer os planos.

O censo anunciado nesta segunda (3) custará R$ 770,324 milhões, parte gasta em 2017 e parte em 2018.

Foram feitos cortes no número de servidores temporários contratados -que caiu de 80.000 para 24.900- no número de postos de coleta de informações -de 5.100 para 1.376- e no tamanho do questionário, com o objetivo de reduzir o tempo médio de entrevista de 90 para 40 minutos.

Nas últimas semanas, começaram a surgir críticas sobre a possibilidade de retirada de perguntas relevantes, como questões sobre o uso de agrotóxicos e sobre a renda dos produtores.

Em nota divulgada nesta segunda, por exemplo, a Associação dos Geógrafos Brasileiros diz que as mudanças atingem "a qualidade dos dados produzidos e, consequentemente, a possibilidade de construção de conhecimento sobre o agrário e o agrícola no país".

Questionado sobre possíveis perdas no resultado a partir do corte de gastos, o diretor de pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, destacou o esforço do órgão para conseguir tirar a pesquisa do papel.

"[A pesquisa] não perde nada. Acho que ganhamos, porque estávamos trabalhando entre o zero e o que a gente conseguiu", respondeu ele.

Os técnicos do instituto defenderam que o novo questionário aborda todos os temas estruturais, mas reduz o número de perguntas para detalhar cada um deles.

Por exemplo, no caso do uso de agrotóxicos, mantém a pergunta sobre o uso, mas elimina questionamentos sobre a destinação das embalagens, por exemplo.

A redução do questionário tem por objetivo permitir que os recenseadores visitem mais propriedades ao longo do período de coleta de informações.

Ao todo, o IBGE prevê visitar 5,3 milhões de estabelecimentos agropecuários entre outubro e o fim do primeiro trimestre de 2018.

Por lei, a pesquisa deveria ser realizada a cada cinco anos a partir de 1991. No entanto, foram coletados dados apenas em 1996 e 2007. Em 2014, o IBGE passou a planejar a versão 2015, que foi excluída do orçamento federal por falta de verbas.

O instituto está planejando uma mudança na coleta de informações sobre o setor agropecuário. Após a conclusão deste censo, os dados serão usados como um cadastro para a realização de pesquisas por amostragem, como já são feitos hoje outros estudos sociais e econômicos como a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar.

A ideia é criar um Sistema Nacional de Pesquisas Agropecuárias, que visitará um número menor de propriedades para traçar perfis do setor.

Para realizar o censo, o IBGE vai promover dois concursos públicos entre abril e maio, com a abertura de 26.010 vagas com salários entre R$ 1.600 e R$ 4.000.

O orçamento prevê ainda a compra de 26.166 dispositivos móveis para a coleta dos dados dos questionários, ao valor de R$ 30,1 milhões. Com informações da Folhapress.

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