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A véspera do feriado de Sexta-Feira Santa já era marcada pela cautela tanto no mercado doméstico quanto no exterior. No entanto, o clima de apreensão mundial por causa das tensões na Síria e na Coreia do Norte piorou depois que os Estados Unidos lançaram no Afeganistão, pela primeira vez, sua mais poderosa bomba não nuclear.
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O Ibovespa terminou o pregão desta quinta-feira (13) em baixa de 1,67%, pressionado principalmente por Petrobras e bancos, e o dólar fechou em alta.
Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 terminou em queda de 0,57%, e o Dow Jones perdeu 0,67%. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,53%.
No Brasil, persistiram as preocupações em relação aos desdobramentos da chamada lista de Fachin, com a abertura de inquéritos contra quase uma centena de políticos após a delação premiada de executivos da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato.
Os temores são de que o cenário político conturbado acabe comprometendo o cronograma das reformas econômicas, principalmente a da Previdência.
Para José Pena, economista-chefe da Porto Seguro Investimentos, a próxima semana será um grande teste para o mercado, quando deve ser apresentado o relatório na comissão especial da Câmara que analisa a reforma da Previdência.
"Se a agenda for mantida, o humor dos investidores vai melhorar, pois mostrará que a base do governo se mantém organizada mesmo após a divulgação da lista de Fachin", afirma Pena.
BOLSA
O Ibovespa fechou em baixa de 1,67%, aos 62.826,28 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,7 bilhões. Em uma semana, perdeu 2,17%.
O índice foi pressionado principalmente pelas ações de bancos. Banco do Brasil ON perdeu 5,20%; Itaú Unibanco PN caiu 1,82%; Bradesco PN, -3,05%; Bradesco ON, -2,72%; e Santander unit, -2,58%.
As ações da Petrobras recuaram 3,89% (PN) e 4,47% (ON). Os papéis PNA da Vale ganharam 0,96% e os ordinários ficaram estáveis.
Embraer ON perderam 5,16%, liderando as quedas do Ibovespa, após a divulgação dos dados operacionais da fabricante de aviões no primeiro trimestre, que ficaram abaixo do esperado.
Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor, afirma que, com o clima de incertezas e o feriado desta sexta-feira, investidores preferem vender papéis a correr riscos. "No cenário externo, por exemplo, ninguém sabe o que pode acontecer após os Estados Unidos terem lançado a bomba contra o Estado Islâmico no Afeganistão, se poderá haver atentados terroristas como retaliação".
Ele lembra também que os negócios na Bolsa nesta quinta-feira também sofreram influência do exercício de opções sobre ações, que ocorre nesta segunda-feira (17).
CÂMBIO
O dólar chegou a cair mais cedo, ainda reagindo às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a moeda está muito forte e de que ele defende a política de juros baixos.
No entanto, o câmbio inverteu o sinal especialmente com o nervosismo causado pelo lançamento de bomba americana no Afeganistão.
A moeda americana subiu 0,38%, a R$ 3,1470, na cotação comercial. Em cinco pregões, ficou praticamente estável.
No exterior, no entanto, o dólar manteve-se em queda, ainda reagindo aos comentários de Trump.
Analistas apontam que o câmbio doméstico continua comportado em meio às incertezas provocadas pelas delações premiadas de executivos da Odebrecht.
"Mesmo com o imbróglio político, o mercado ainda está comprando a ideia de que as reformas fiscais vão avançar", diz Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos.
JUROS
O mercado de juros futuros fechou em alta, principalmente nos contratos mais longos, um dia após o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central ter reduzido a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, para 11,25% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado.
O contrato de DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2018 subiu de 9,640% para 9,645% ao ano; o contrato de DI para janeiro de 2021 avançou de 9,880% para 9,940%; e o contrato para janeiro de 2026 acelerou de 10,280% para 10,360%.
Segundo analistas, o mercado ajustou-se ao corte de 1 ponto da Selic, já que uma parte dos investidores apostava numa redução maior, além de refletir o aumento da percepção de risco.
Sobre a decisão do Copom, Alexandre Espírito Santo, da Órama, afirma que ela foi acertada em meio ao cenário de incertezas políticas, embora houvesse espaço para um corte maior da Selic, por causa da forte desaceleração da inflação.
"É possível que, com a deterioração do cenário político, as reformas sejam afetadas, o que poderá levar o BC a interromper o ciclo de afrouxamento monetário mais para frente. Por isso, o BC foi prudente ao não acelerar ainda mais a queda dos juros".
José Pena, da Porto Seguro Investimentos, avalia que a lista de Fachin pode ter dificultado uma redução maior dos juros, por isso o Copom manteve uma postura mais cautelosa.
O CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, tinha leve queda de 0,02%, aos 225,885 pontos. Com informações da Folhapress.