© Divulgação
Depois de morto em confronto com a Polícia Federal, o suspeito de assaltos a banco Ariel Lima de Campos, de 23 anos, teve o corpo velado na Câmara Municipal de Sandovalina, interior de São Paulo, no último dia 7. O rapaz, primo da prefeita da cidade, Amanda Lima de Oliveira Fetter (DEM), foi sepultado no dia 9, mas o velório ainda causa polêmica. Com base em representação da PF, o Ministério Publico Estadual abriu investigação sobre o uso da dependência pública para velar suspeito "morto em embate com a lei".
PUB
Nesta quinta-feira, 13, a Câmara publicou decreto proibindo o uso do plenário para novos velórios. No documento, a presidente Jaqueline Sanfelix (PSDB) afirma que todos os defuntos da cidade eram velados na Câmara, porque o Velório Municipal, construído em 2008, fica em local "ermo, isolado e afastado da cidade". Ela revela que, em quase nove anos, o velório oficial só foi usado uma vez. "Apenas o senhor Bertolino foi velado no Velório Municipal", afirma, lembrando que essa pessoa não tinha familiares na cidade. A vereadora afirma ainda que o prédio do velório está sendo usado como "depósito de máquinas e ferramentas" por funcionários do cemitério.
De acordo com a PF, Lima é suspeito de integrar quadrilha que explodia e roubava agências bancárias no interior de São Paulo e no Paraná. Ele foi morto com outros cinco suspeitos em confronto com agentes federais em Alvorada do Sul, norte paranaense. Horas antes, a quadrilha teria explodido duas agências bancárias em Cruzália, interior paulista. Ao tomar conhecimento de que o corpo tinha sido velado na Câmara, o delegado da PF em Presidente Prudente, Éder Rosa de Magalhães, pediu ao MP a abertura de investigação contra a presidente da Câmara por eventual crime de improbidade administrativa, por ter autorizado a realização de "velório em prédio público de um criminoso que morreu em confronto com policiais".
O Sindicato dos Policiais Civis da Região de Presidente Prudente (Sipol) também publicou nota de repúdio pelo uso da Câmara para velar um suspeito de assaltos. A prefeita de Sandovalina chegou a postar uma homenagem ao primo em rede social.
Em nota, a prefeita afirmou que a prefeitura não arcou com nenhuma despesa e que "faz parte dos 'usos e costumes' da cidade realizar o velório na Câmara Municipal, principalmente quando a pessoa é nascida e viveu sua vida aqui na cidade, pois é um lugar amplo, onde é possível que os amigos (quase toda a população) possam comparecer para consolar os familiares do ente querido".
Afirma ainda que a presidente da Câmara autorizou o velório como "um ato corriqueiro, em atenção ao sofrimento da mãe e de toda família, que é tradicional em nosso município". Lembrou que o parente, "malgrado suas escolhas erradas, era amado por eles e pelos amigos que estão sofrendo não só com sua morte, mas também pela sua infeliz escolha".