© Marcos Corrêa/PR
O presidente Michel Temer afirmou na noite desta segunda-feira (17), em entrevista ao SBT Brasil, que não vê chances do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ser anulado.
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O posicionamento veio em resposta ao que Temer disse um dia antes, em outra entrevista, atribuindo a abertura do processo de impedimento de Dilma à falta de apoio da bancada do PT, partido da então presidente, ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Pelo regimento interno da Câmara, se o presidente da Câmara interferir no pedido de impedimento, há recurso no plenário. Com a margem muito significativa de votos que teve o impedimento, evidentemente se isso acontecesse, iria para o plenário e o plenário decretaria o início do impedimento. Estou apenas supondo hipóteses”, disse Temer.
À TV Bandeirantes, o presidente da República deu a entender que, se o PT tivesse votado com Cunha no Conselho de Ética da Câmara, que em 2016 avaliava abertura de processo de cassação do então presidente da Casa, Dilma possivelmente ainda teria a faixa presidencial.
“Foi uma coisa avassaladora, em termos de votação. Se havia uma subjetividade dele [Eduardo Cunha] nessa direção, não foi o que comandou a decisão do plenário da Câmara e do Senado”, comentou Temer ao SBT Brasil, minimizando assim a influência de Cunha no episódio.
A defesa de Dilma Rousseff ainda aguarda a análise do impeachment e do seu mérito por parte do Supremo Tribunal Federal (STF). Após a entrevista de Temer à Bandeirantes, os defensores da ex-presidente declararam que iriam usar as palavras do ex-aliado no processo.
Ao SBT Brasil, Temer declarou ainda não sentir qualquer pressão por uma eventual delação premiada de Cunha, que está preso desde outubro do ano passado em Curitiba, pelo seu envolvimento na Operação Lava Jato.
Não sei o que ele pretende fazer, não estou preocupado com o que ele venha a fazer. Espero que ele seja muito feliz. Espero que se justifique em relação a todos os eventuais problemas que tenha tido. Acho que ele foi um deputado muito atuante, muito eficiente no exercício da legislatura. Mas não sei o que ele vai fazer, não tenho que me incomodar com isso."
O presidente da República ainda disse “só ter conhecido agora” o ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria, delator que afirmou à Justiça que uma reunião com Temer definiu o repasse de US$ 40 milhões para “comprar o apoio” do PMDB. “[Faria] era uma das dezenas de empresários”, revelou Temer, com os quais se reunia à época, em 2010 (Sputnik Brasil).
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