Mesmo com audiência marcada, índios são barrados no Congresso

Grupo participaria de reunião com a Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasil Cerco policial 26/04/17 POR Notícias Ao Minuto

Mesmo com requerimento oficial e audiência pública marcada para a Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal nesta quarta-feira (26), um grupo de 60 lideranças indígenas foi impedido de entrar no Congresso por dezenas de policiais e a cavalaria.

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Alguns parlamentares tentaram intervir, explicando que os índios iriam direto para a sala do CDH, mas os policiais não se convenceram, apesar de terem feito revista nos pertences das lideranças.

"Isso me mete medo, de ver vocês aqui desse jeito. Aqui não bandido, gente! Quem foi que chamou essa polícia toda?", questionou a presidente da comissão, senadora Regina Sousa (PT/PI), diante de um forte aparato policial, montado à porta do Congresso.

"Colocam a cavalaria para cima da gente e, como se não bastasse, o comandante já começa a agredir, provocar. Eles querem que a gente reaja da mesma forma", disse uma das líderes indígenas, momentos após o grupo desistir de participar da audiência.

Na terça-feira (25), os indígenas chegaram a fechar a Esplanada dos Ministérios. Com arcos e flechas e facões, depositaram caixões de papel no gramado e no espelho d'água do Congresso.

Alguns tentaram entrar na Câmara, mas foram impedidos pela Polícia Legislativa e pela Polícia Militar do Distrito Federal, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Quatro indígenas foram presos.

O deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA) criticou o conflito. “Tentamos marcar uma audiência para um debate cordato e não foi possível, o conflito ocorreu. É lastimável que populações indígenas, crianças, mulheres grávidas fiquem correndo de bombas”, disse.

O deputado Valtenir Pereira (PMDB-MT) também protestou. “O que observamos é que houve uma ação da polícia em cima da população indígena e houve uma reação. Ontem estive em um acampamento e, conversando com lideranças, foram apresentadas balas de borracha que acertaram vários indígenas”, afirmou.

Ao longo desta semana, cerca de 2.000 indígenas permanecerão em um acampamento ao lado do Teatro Nacional, no centro de Brasília, onde realizam debates sobre iniciativas que, segundo as lideranças, podem violar direitos garantidos na Constituição. Também estão previstos protestos e atividades culturais. As lideranças pretendem ainda se reunir com ministros do governo Michel Temer e protocolar as reivindicações junto ao Supremo Tribunal Federal.

Leia também: Moradores protestam após morte no Alemão

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