© Reuters / Andrew Boyers
Pela quarta vez no ano, o piloto Felipe Nasr vivenciou a sensação de acompanhar uma corrida da temporada 2017 de Fórmula 1 apenas pela televisão. Após duas temporadas na Sauber, o brasiliense seguiu à distância o GP da Rússia, enquanto aguarda empresários negociarem, vagas se abrirem e novos patrocínios contribuírem para o retorno dele à categoria.
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Felipe Nasr trocou neste ano a intensa rotina de viagens e testes inerentes à Fórmula 1 por um cotidiano mais tranquilo e discreto, mas sem desistir de voltar. O piloto tem ficado mais com a família, em Brasília, onde mantém a dieta, os treinos físicos e idas semanais ao kartódromo do Guará, onde realiza baterias mesmo contra novatos. No tempo livre, a pesca esportiva é o passatempo predileto. As raras aparições são em eventos de patrocinadores.
O tio e um dos responsáveis pela carreira do piloto é Amir Nasr, ex-dono de equipe de Stock Car. Além dele, quem representa o brasiliense nas principais negociações no exterior desde 2008 é o inglês Steve Robertson, ex-piloto e empresário também do finlandês Kimi Raikkonen, que atualmente está na Ferrari.
"Não tem muita novidade. Abril é a parte fria do ano. Nada vai acontecer agora. Ninguém discute 2018 antes de junho. Agora é besteira falar em Fórmula 1. Por isso, achamos que o momento não é de falar agora", disse Amir Nasr ao jornal O Estado de S.Paulo. Steve Robertson não retornou os contatos.
Em uma entrevista na semana passada, o piloto admitiu ser difícil retornar neste ano. Ele prometeu viajar em agosto à Europa para buscar patrocínios. O objetivo é voltar em 2018, mesmo se for como piloto de testes e não como titular. Para Amir Nasr, passar uma temporada longe da Fórmula 1 é um processo comum e já enfrentado por outros pilotos, como Felipe Massa. "Recebemos convites de outras categorias e até pode ter participações esporádicas dele, desde que ninguém queira amarrar um contrato longo, para não fechar as portas para a Fórmula 1", afirmou.
O piloto de 24 anos tem no currículo a melhor estreia de um brasileiro na Fórmula 1, com o quinto lugar no GP da Austrália, em 2015. No ano passado, a nona posição dele no GP do Brasil foi a única corrida em que a escuderia Sauber conseguiu pontuar no ano. Mesmo assim, Felipe Nasr acabou preterido pelo alemão Pascal Wehrlein principalmente por questões de patrocínio.
O piloto brasiliense foi mantido durante duas temporadas na Fórmula 1 com o apoio do Banco do Brasil, com investimento anual de aproximadamente R$ 50 milhões. Para 2017, a empresa estatal condicionou a renovação do apoio à entrada de outros patrocinadores brasileiros, pois quis reduzir o repasse. A ausência de interessados dificultou a permanência.
Felipe Nasr continua a receber o patrocínio pessoal do Banco do Brasil. Em comunicado, a empresa explicou que o contrato em vigor foi assinado em agosto de 2015 e vai até dezembro de 2019. O valor total do acordo é de cerca de R$ 1,39 milhão, aproximadamente R$ 26 mil por mês. A pessoas próximas, ele tem manifestado otimismo pela volta à categoria.
"É difícil chegar à Fórmula 1 e se manter lá. Tem muitos bastidores. Tem muito alemão e italiano influentes. Eles brigam pelos pilotos deles. O brasileiro costuma brigar sozinho, desde o começo da carreira. É um esforço individual", lamentou o tio de Felipe Nasr.