© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Em seus 55 dias de mandato à frente do Ministério da Justiça, órgão a que está subordinada a Fundação Nacional do Índio (Funai), o ministro Osmar Serraglio (PMDB) teve cem audiências com a Frente Parlamentar da Agropecuária e com políticos investigados pela operação Lava Jato. Enquanto isso, não houve nenhum encontro com representantes indígenas.
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Foram 82 reuniões com ruralistas e 18 com deputados e senadores alvo da força-tarefa. A pasta tem papel decisivo no processo de demarcação de terras, reivindicação que se intensificou no governo de Michel Temer e tem provocado conflitos nas últimas semanas.
Na última semana, houve confronto entre indígenas que participavam do Acampamento Terra Livre, em Brasília, e policiais que faziam a segurança o Congresso, durante manifestação que pedia a demarcação de terras.
No mesmo dia, de acordo com informações da Folha de S. Paulo, Serraglio recebeu dois ruralistas em seu gabinete, além do ex-presidente Fernando Collor, e ainda foi à Câmara se encontrar com políticos da bancada ruralista.
Os indígenas também se recusaram a entregar suas reivindicações ao ministro, ainda na semana passada. "Não vamos sentar nem com Padilha nem com o ministro da Justiça. Eles queriam nos dar cafezinho e água. Não queremos cafezinho, mas sim a demarcação das terras. Não vamos legitimar um governo que está massacrando nosso povo. Esse ministro da Justiça age em nome dos ruralistas", disse Kretã Kaingang, integrante da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin).
Já no Dia do Índio, 19 de abril, Serraglio teve 11 compromissos, dos quais cinco foram com ruralistas. O ministro já deu declarações criticando os indígenas. Segundo ele, os envolvidos em conflitos no campo deveriam parar com a discussão sobre terras, que "não enche barriga de ninguém".
O agronegócio está entre os rincipais financiadores das campanhas do ministro, que foi relator da PEC 215, uma proposta de emenda à Constituição que altera o sistema de demarcação de terras indígenas.
A assessoria de Serraglio disse que "não houve solicitação de lideranças indígenas para audiências com o ministro", mas que "vários grupos foram atendidos pela Assessoria Especial do Ministério da Justiça e pela Funai".
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