Em voto apertado, Trump consegue derrubar Obamacare na Câmara

A votação foi organizada a toque de caixa para garantir uma vitória expressiva

© Carlos Barria / Reuters 

Mundo SAÚDE 04/05/17 POR Folhapress

Depois de muitas polêmicas, negociações e um grande fiasco no Congresso, no mês de março, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguiu nesta quinta (4) que a Câmara aprovasse um novo projeto para revogar e reformular o Obamacare -como ficou conhecida a lei sancionada em 2010 por Barack Obama para ampliar o alcance do sistema público de saúde.

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A medida ainda deve ser apreciada pelo Senado, onde os republicanos têm maioria estreita.

A vitória, apertada, por 217 a 213, deixa no ar uma série de incertezas sobre as consequências práticas das novas regras, mas tem forte significado político. Durante os últimos sete anos os republicanos atacaram o plano democrata de maneira implacável, pregando a urgente necessidade de derrubá-lo.

Durante a campanha, Trump insistiu no tema, assegurando que se ganhasse aprovaria sem demora uma nova legislação. Mas desde sua posse, em 20 de janeiro, o Partido Republicano tem dado mostras de desarticulação e despreparo para cumprir a promessa -apesar de ser maioria no Congresso.

A primeira proposta republicana, apresentada em março, esbarrou na oposição de setores ultraconservadores do partido, que pregavam uma solução de mercado sem subsídios e amparos estatais. Entre os parlamentares moderados houve também quem resistisse ao projeto temendo a perda de apoio de eleitores prejudicados pelas novas regras.

O projeto, costurado pelo presidente da Câmara, Paul Ryann, acabou sendo retirado antes de ir a plenário, impondo uma ruidosa derrota a Trump e aos republicanos.

A nova versão, agora aprovada, esteve por naufragar durante a semana por não dar garantias de que destinaria recursos para o tratamento de pacientes com doenças pré-existentes.

O assunto tornou-se mais sensível quando Jimmy Kimmel, comediante e apresentador de TV, fez uma emocionada defesa do Obamacare ao descobrir que seu filho recém-nascido sofria de uma doença cardíaca congênita. Ele lembrou que antes da lei sancionada pelo presidente democrata havia uma grande chance de um adulto com a doença de seu filho não conseguir um plano de saúde -por tratar-se de um problema diagnosticado desde o nascimento.

Muitos republicanos ameaçaram abandonar o barco até que o deputado Fred Upton apresentou uma emenda que garante um aporte de US$ 8 bilhões para manter nos próximos anos a assistência para portadores de doenças pré-existentes.

Não está claro, contudo, se os recursos serão suficientes -democratas e muitos especialistas dizem que não. Tampouco sabe-se ao certo quais serão os impactos do projeto, caso transforme-se em lei.

A votação foi organizada a toque de caixa para garantir uma vitória expressiva ao governo. Sob protestos, a maioria adotou procedimentos excepcionais para passar por cima de protocolos e acelerar o processo.

O projeto foi aprovado sem a tradicional análise da comissão de Orçamento (Congressional Budget Office), que tem a missão de apontar as consequências dos dos projetos em tramitação. Em março, a comissão havia estimado que o primeiro projeto republicano deixaria 24 milhões de pessoas sem cobertura na próxima década. Com informações da Folhapress. 

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