Em evento da UE, Nunes critica protecionismo e xenofobia

Chanceler afirmou que acordo com Mercosul combate essas ideias

© Valter Campanato/Agência Brasil

Política Relações Exteriores 05/05/17 POR Beatriz Farrugia

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, criticou nesta sexta-feira (5) as lideranças políticas que se opõem ao livre comércio e fecham suas fronteiras para pessoas e produtos.

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"Nós temos, no Brasil e no mundo, pessoas com receio da livre circulação, o que assume um papel de xenofobia. Outros que defendem seus países em primeiro lugar, que só aceitam as regras internacionais se favorecerem eles", disse o chanceler, em um evento em Sã Paulo que discutiu o acordo ainda em negociação entre União Europeia e Mercosul.   

"Queremos um futuro de livre comércio, da acolhida do que vem de fora, do respeito aos direitos humanos, segurança jurídica e intercâmbio desembaraçado de regras", comentou.   

Questionado sobre o momento político pelo qual a UE passa, com eleições presidenciais na França no próximo domingo (7) e a saída do Reino Unido do bloco, Nunes disse acreditar que o acordo de livre comércio com o Mercosul é uma possibilidade da UE se reafirmar e defender seus princípios.   

"Não se trata apenas de um acordo comercial, é algo bem mais amplo, com uma face econômica e comercial. Engloba outros elementos, como a área educacional, e também carrega um enorme significado político, porque ele sinaliza um tipo de futuro que queremos. É uma aposta para a UE se reafirmar", disse.

O ministro, porém, admitiu que é preciso aguardar os resultados das próximas eleições na UE, principalmente a francesa, cuja candidata da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, ameaça tirar o país do bloco, para avaliar os impactos que as negociações com o Mercosul pode sofrer.

"Caso Le Pen vença as eleições, dependerá de como ela vai se colocar em relação a UE. Ela disse que sairia da zona do euro, depois, que não era bem assim. Vamos aguardar, não quero falar sobre isso ainda", comentou o chanceler.   

"Embora Emmanuel Macron seja pro-europa, e seguramente terá uma postura muito aberta nas negociações com a UE, não podemos esquecer que o sistema eleitoral francês confere um peso enorme aos distritos rurais. Então talvez seja necessário esperar as eleições legislativas para termos um acordo político da UE com todos os pontos esclarecidos", defendeu Nunes.   

Segundo o chanceler, "todas as ofertas precisam estar na mesa, depois disso, não tem como pedir mais prazos". "Mas estou muito otimista com essas negociações e acredito que, agora, as coisas vão andar", afirmou, explicando que a questão que mais gera entraves se refere às tarifas de abertura de comércio de bens agrícolas. Para o Mercosul, o acesso ao mercado agrícola europeu, que recebe incentivos e subsídios, é fundamental.

O embaixador da União Europeia no Brasil, João Gomes Cravinho, afirmou que as negociações têm chances de se concluírem no fim de 2017, com ratificação em 2019.   

"É um acordo valioso para 2017, porque temos a oportunidade de mostrar que a globalização pode trabalhar a favor dos nossos povos, contra argumentos demagógicos e simplistas que defendem levantar barreiras econômicos", afirmou o representante da UE. (ANSA)

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