© iStock
Problemas imunológicos detectados por exames clínicos e com tratamento simples são responsáveis por 98% dos casos de abortos espontâneos. Por isso, o médico Ricardo de Oliveira, diretor médico e fundador do RDO Diagnósticos, destaca a importância do check-up pré-gestacional, com investigação do perfil genético e imunológico do casal, para as mulheres que pretendem planejar a gravidez e comemorar o Dia das Mães no ano que vem.
PUB
Leia também: Veja quanto você precisa correr para queimar estes alimentos
"Se houver algum problema, é diagnosticado com exames simples e de forma convencional, sem ter de recorrer a tratamentos mais complexos que exigem alto investimento”, afirma o Dr. Ricardo. “E as causas podem ser tratadas com mais de 90% de êxito, além de o casal evitar frustrações sem necessidade.”
Antes, a busca das causas da mulher não engravidar baseava-se somente nos problemas hormonais, anatômicos, endometriose ou na fertilidade masculina. Hoje já se sabe que a infertilidade é multifatorial e, na maioria das vezes, por alterações imunológicas. Mas muitas mulheres não são orientadas a passar primeiro por esse check-up de fertilidade.
É o caso da enfermeira Cibele Grothe, de 40 anos, que sofreu angústias e frustrações durante três anos e por duas tentativas de fertilizações in vitro (FIV) que não deram resultados. Só após procurar o dr. Ricardo, ela descobriu que seu problema era imunológico e tinha tratamento bem mais simples e barato que a FIV. Cinco meses depois, ficou grávida do primeiro filho e, após dois anos, deu à luz também uma menina.
“Meu sonho tinha sido realizado, graças ao tratamento que foi feito de acordo com a minha necessidade médica”, afirma Cibele. “Para muitas mulheres, como no meu caso, os problemas são outros e elas podem poupar uma grande quantidade de sofrimento, tempo e dinheiro se corretamente diagnosticadas e tratadas.”
Muitas vezes as mulheres apresentam mais de uma causa. Baseado em levantamento de 11 mil pacientes atendidas ao longo de 10 anos, Dr. Ricardo aponta os problemas imunológicos mais frequentes que podem impedir a implantação do embrião ou mesmo provocar abortos precoces.
O check-up pré-gestacionial
Tiroidite
Doença autoimune que leva ao hipotireoidismo. O problema faz com que a mulher produza anticorpos que causam falha na implantação do embrião ou inflamação na placenta, provocando o aborto.
Incidência: 20% das mulheres
Exame: anticorpo antiroglobulina e antimicrossomal feitos por meio de exame de sangue.
Tratamento: com uso de corticoesteroides que não atravessam a placenta como a prednisona.
Endometrite Crônica
É uma inflamação do endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, causada por provável alteração imunológica e/ou infecciosa. O problema impede a implantação do embrião. Não tem a ver com endometriose, que é a implantação do endométrio fora do útero. Após tratamento, a paciente volta a ser fértil.
Incidência: 80% das mulheres com infertilidade sem causa aparente e 30% das que tiveram aborto precoce
Exame: histeroscopia diagnóstica
Tratamento: histeroscopia cirúrgica, antibióticos, anti-inflamatorios.
Trombofilias adquiridas e genéticas
Provoca alterações na coagulação sanguínea e imunológicas, desenvolvendo anticorpos que atacam a placenta, impendido a implantação do embrião e provocando aborto.
Incidência: 20 a 60% das mulheres
Exame: mutação do gene do fator V de (Leiden), mutação do gene do fator II da protrombina, mutação da protrombina de Padua-2 ( gene Arg-596Trp,) e os anticorpos antifosfolipides, principalmente a fosfatidilserina e fosfatidiletanolamina feitos por meio de exame de sangue.
Tratamento: uso de anticoagulante injetável.
Aloimunidade
Imunidade a outro indivíduo. Quando o casal tem semelhanças genéticas, o corpo da mulher não reconhece a gravidez e interpreta o embrião como um defeito e o rejeita.
Incidência: 61% das mulheres com aborto precoce
Exame: prova cruzada (cross match) por citometria de fluxo, que mede os anticorpos contra linfócitos paternos no sangue da mãe.
Fator antinuclear
Quando os anticorpos do próprio organismo impedem o avanço da gestação. Os auto-anticorpos da mãe “atacam” o embrião, causando intenso processo inflamatório placentário e/ou fetal.
Incidência: 50% das mulheres
Exame: dosagem de fator antinúcleo (FAN).
Tratamento: Prednisona, porque não atravessa a placenta, trata a inflamação e permite uma gestação normal