© Reuters / Janine Costa
O escritório da Odebrecht na Argentina enviou proposta à Justiça local se predispondo a colaborar para revelar as identidades daqueles que teriam recebido propina da empreiteira brasileira no país.
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Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a Odebrecht teria pago subornos a políticos argentinos no valor de US$ 35 milhões, entre 2007 e 2014 -período que engloba as gestões de Cristina Kirchner na Presidência e de Mauricio Macri como chefe de governo de Buenos Aires.
Em comunicado enviado à reportagem, a Odebrecht diz que "se apresentou diante da Justiça Federal argentina oferecendo um acordo de colaboração amplo e eficaz, similar aos celebrados diante das autoridades judiciais do Brasil, da Suíça, dos EUA e da República Dominicana A Justiça argentina ainda não se pronunciou sobre a oferta.
Na última quinta-feira (11), porém, ocorreu novo desdobramento do caso na Argentina. O doleiro brasileiro Leonardo Meirelles, acusado na Lava-Jato, deu declarações via teleconferência ao promotor local Federico Delgado.
Segundo a Procuradoria argentina, Meirelles declarou ter realizado várias transferências, chegando a um total de US$ 850 mil, a Gustavo Arribas, atual chefe de inteligência do governo Mauricio Macri, e acrescentou que se tratavam de propinas provenientes das construtoras Odebrecht e OAS.
As declarações de Meirelles entram em contradição com a explicação que Arribas havia dado à Justiça sobre a acusação. No começo do ano, Arribas declarou que havia recebido apenas US$ 70 mil por meio de Meirelles, em 2013.
Naquela época, Arribas atuava no setor privado, entre outras coisa agenciando contratos de jogadores de futebol, e vivia em São Paulo. Acrescentou que o valor se referia a uma venda de objetos que estavam dentro de um apartamento que possuía no Brasil.
O presidente Macri, que é amigo pessoal de Arribas, corroborou a informação. O chefe do serviço de inteligência acabou sendo absolvido pela Justiça local.As novas declarações de Meirelles, porém, que inclusive deu detalhes sobre a conta bancária usada por Arribas na Suíça, podem reabrir a causa contra o homem de confiança do mandatário.
A principal obra da Odebrecht no país é o soterramento de uma importante linha de trem em Buenos Aires, que foi realizada em parceria com uma companhia local que pertencia a um primo de Macri.
Segundo investigação do "La Nación", o atual presidente também teria recebido "caixa 2", assim como seus rivais na eleição de 2015, da Odebrecht, por meio da Braskem. Procurada pela reportagem, a construtora negou os pagamentos.
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