Futuro dos humanos pode pertencer a máquinas com "mentes digitais"

Uma "pessoa digital", ou uma inteligência dentro de uma máquina, poderia ser o último estádio de uma evolução

© DR

Tech Inteligência 16/05/17 POR Lusa

A hipótese de um futuro em que máquinas inteligentes poderão achar melhor dispensar a humanidade a bem do planeta é admitida como tema de reflexão pelo português Arlindo Oliveira, diretor do Instituto Superior Técnico de Lisboa.

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Ele descreve no livro "The Digital Mind" como o cérebro humano e a inteligência estão se entrelaçando de uma maneira que pode conduzir a cenários imprevisíveis para a espécie, desde logo pela criação de "pessoas digitais", máquinas capazes de pensar que se confundem com os seres humanos.

"Não tenho dúvidas de que estamos caminhando para lá de uma maneira ou de outra", disse o autor à Agência Lusa.

Por enquanto, é impossível prever quando se poderia chegar a uma máquina que seja capaz de assegurar a sua própria evolução: "não é para amanhã nem daqui a cinco anos, não sei dizer se é daqui a 500 anos ou 50", reconheceu Arlindo Oliveira.

Mesmo sem saber quando acontecerá, é possível dizer que haverá primeiro um período de coexistência entre humanos e máquinas artificialmente inteligentes.

"Se acontecer em 50 ou em 100 anos, vamos nos habituar a essa ideia, como nos habituamos a conviver com os animais domesticados", de uma forma que poderá não ser pacífica, atendendo a cenários sociais que já se verificam hoje, como a xenofobia.

Como estas máquinas teriam "em princípio, um comportamento interior muito semelhante ou igual aos humanos", seriam "conferidos direitos", uma teoria jurídica que hoje já se discute.

Uma "pessoa digital", ou uma inteligência dentro de uma máquina, poderia ser o último estádio de uma evolução cujo embrião já se manifesta nos algoritmos que pesquisam os dados dos usuários de redes sociais para compilar tendências, gostos, opiniões e ambições.

"Já são evidência muito clara que o comportamento de muitas pessoas é altamente previsível", apontou Oliveira, o que, em última análise, pode levar à destruição da ideia de que cada pessoa é importante, tal como as suas escolhas.

Outro risco da evolução da inteligência artificial é que um sistema capaz de se tornar muito mais inteligente que um humano possa ser uma ameaça para a espécie.

Se se perguntasse a um computador de tal forma inteligente que fosse capaz de resolver o problema do aquecimento global, por exemplo, a resposta poderia ser "exterminar as pessoas", indo à raiz da questão.

"Há muitas pessoas que acham que os riscos de sistemas inteligentes, que rapidamente se tornam muito mais inteligentes que os seres humanos, existe. Sistemas que estariam para o ser humano como nós para os cães ou macacos, em que somos vastamente superiores, controlamos o destino deles, sobrevivem só se nós quisermos", afirmou.

Arlindo Oliveira especula ainda que a criação de máquinas inteligentes capazes de produzir versões aperfeiçoadas de si próprias criaria uma "singularidade" em que a intervenção humana deixaria de ser precisa para a tecnologia evoluir.

"Como isto criaria uma situação em que os humanos deixariam de ser a inteligência dominante na Terra, depois da singularidade tecnológica, a evolução da tecnologia e da sociedade tornar-se-ia completamente imprevisível", escreve. 

Em "The Digital Mind", Arlindo Oliveira faz a história da evolução da inteligência artificial, do conhecimento do cérebro humano e das maneiras como computadores, células e cérebros são, na sua essência, instrumentos para processar informação. Com informações da Lusa. 

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