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Os males causados pela poluição atmosférica são bem conhecidos. Porém, pesquisas recentes demonstram que o problema pode trazer consequências ainda mais graves do que as habituais alergias e agravos entre os mais diversos tipos de doenças respiratórias.
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Segundo um levantamento publicado pela Universidade de Lund, na Suécia, ar poluído pode provocar câncer de pulmão. “Basicamente, o estudo demonstra que o problema é desencadeado, quando respiramos partículas tóxicas liberadas na atmosfera, principalmente, pelos automóveis. Portanto, não seria incorreto extrapolar desses dados que um aumento semelhante de risco para câncer de pulmão existiria também no Brasil. Afinal, os níveis de poluição atmosférica nas grandes cidades do país ainda são bastante altos”, afirma o Dr. Auro Del Giglio, oncologista do HCor – Hospital do Coração.
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Publicado recentemente, o trabalho sueco procurou estabelecer uma relação entre a incidência de câncer de pulmão e o tempo de exposição da população à poluição do ar medido a longo prazo. Para isso, foram recolhidos dados de 17 estudos de coorte baseados em nove países europeus. “A poluição do ar é uma complexa mistura entre gases tóxicos e material particulado – geralmente constituído por partículas de chumbo, enxofre, entre outros elementos prejudiciais à saúde. Grande parte destas substâncias são cancerígenas. Por isso, aumentam o risco para doença, à medida em que se acumulam nos pulmões, enquanto são inaladas no dia-a-dia, ao longo dos anos”, explica o oncologista.
Após ser concluído, o levantamento identificou que durante o seguimento (média 12,6 anos), 2.095 casos de câncer pulmonar incidente foram diagnosticados. Concluiu-se que havia uma associação estatisticamente significativa entre o risco de câncer de pulmão e a magnitude da poluição ambiental. Curiosamente, um aumento na poluição causada por um tráfego rodoviário diário de 4.000 veículos por km, dentro de 100 metros da residência dos casos estudados, se associou também com um aumento da incidência de câncer de pulmão.
A partir destes dados, a pesquisa demonstrou que a poluição atmosférica contribuiu, de fato, para a incidência de câncer de pulmão nos locais da Europa que verificou. “Embora esse estudo tenha sido conduzido com dados obtidos em outra parte do mundo, serve como um alerta importante para nós. Contudo, paralelamente, aos cuidados com a poluição do ar – como evitar lugares com alta concentração de automóveis e engarrafamentos –, também é indispensável a adoção de outras medidas de prevenção ao câncer de pulmão, como abandonar o tabagismo, uma vez que o consumo de derivados do tabaco é responsável por 90% dos casos, praticar atividade física e manter uma alimentação balanceada com maior ingestão de frutas e venturas. Afinal, manter hábitos saudáveis é sempre fundamental para que tenhamos saúde e melhor qualidade de vida”, conclui o oncologista do HCor.