© Ueslei Marcelino / Reuters
Com seu gabinete no terceiro andar no Palácio do Planalto cheio de ministros e deputados, o presidente Michel Temer se preparava para o discurso.
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Fez ajustes no texto escrito por seu secretário de Comunicação Social, Márcio Freitas, e por seu marqueteiro, Elsinho Mouco.
Cercado por aliados, fez comentários sobre a crise que se abateu sobre ele desde que foi divulgado que Joesley Batista, um dos sócios do frigorífico Friboi, gravou uma conversa com ele em ação conjunta da Polícia Federal com a Procuradoria-Geral da República.
As conversas sugerem seu aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba.
"Ele queria esperar a divulgação dos áudios [para falar], até para ele pautar em cima [das gravações] o que estava falando. Mas ele falou que estava tranquilo. Disse que o cara insistiu muito para ser atendido. Ele acabou atendendo. Não deveria ter atendido, mas atendeu. Ele reconheceu que não deveria ter atendido. Mas não tem nada", disse à reportagem o deputado Beto Mansur (PRB-SP), amigo pessoal de Temer.
No tumulto do gabinete, recebeu sobre a mesa um bilhete de Mansur em que era aconselhado a ir para a sala ao lado, onde faz refeições, para ensaiar o discurso. Consentiu com a cabeça e foi para o local acompanhado por Mansur e Mouco.
"Ele deu uma lida, uma treinada. Demos opinião sobre impostação da voz", disse Mansur.
Pouco depois das 16h, Temer seguiu para o segundo andar do Palácio do Planalto, onde fez seu discurso.
Ao terminar, foi cumprimentado pelos que o aguardavam. Entre eles, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ocuparia interinamente o lugar de Temer, caso ele renunciasse.
"Estava tão angustiado que precisava falar", disse Temer a Mansur, segundo o deputado.
"Ele trouxe aquilo das entranhas. Ele respondeu aquele negócio com vontade, por isso foi muito enfático no que falou", afirmou Beto Mansur. Com informações da Folhapress.