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Três dias depois de publicar um caderno especial sobre o Brasil, enfatizando que a economia local mostra sinais de retomada após uma forte recessão, o jornal britânico Financial Times estampa o País em sua capa com a manchete: "Mercados no Brasil desabam após acusações de que Temer avalizou pagamentos de propina". O periódico relata que denúncias de que o presidente foi gravado aprovando pagamentos de suborno agitaram os mercados financeiros do País na quinta-feira, fazendo com que as ações e a moeda baixassem em meio aos temores dos investidores de que seu governo poderia entrar em colapso.
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A publicação detalha que mecanismos de interrupção dos negócios financeiros (stop loss) foram acionados quando a bolsa local caiu 10,47% logo pela manhã. "O real enfraqueceu 7% em relação ao dólar devido aos temores de que as denúncias torpedeariam o programa de reformas do governo, crucial para as finanças públicas do país. Temer negou veementemente as alegações", trouxe o veículo. O FT lembra que Temer e sua coalizão de centro-direita chegaram ao poder em agosto passado, após o impeachment por violações orçamentárias de sua antecessora de esquerda, Dilma Rousseff. "Se as acusações levarem ao impeachment de Temer, seria a primeira vez desde pelo menos o início do período democrático moderno do Brasil, há mais de 30 anos, que dois presidentes seriam removidos em rápida sucessão."
O Financial Times cita que o jornal O Globo informou que Joesley e Wesley Batista, respectivamente presidente e diretor-executivo da JBS, maior empresa de carnes do Brasil, apresentaram uma gravação secreta de Temer aprovando subornos a Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara, às autoridades. Assim como já havia publicado ontem, o periódico comenta que o episódio ocorre quando o establishment político e corporativo do País começa a se recuperar de investigações de corrupção política na estatal Petrobras em um escândalo conhecido como Operação Lava Jato, que também envolveu Temer e oito de seus ministros, além de grande parte do Congresso.
"Analistas disseram que, a menos que Temer possa rapidamente provar que as alegações eram falsas, seu programa de reforma provavelmente estará morto, deixando a economia brasileira em grave risco de um déficit fiscal insustentável", trouxe a publicação. "A maior economia da América Latina está apenas começando a sair da pior recessão da história, quando o Produto Interno Bruto (PIB) contraiu mais de 7% ao longo de dois anos."
Mais uma vez citando O Globo, o FT relata que Temer ouviu de Joesley Batista que a JBS estava pagando a Cunha, que está cumprindo 15 anos de prisão em função da Lava Jato, para ficar em silêncio. O presidente teria respondido: "Você tem que manter isso, OK?". A denúncia não especificou o que Cunha, que foi crucial no processo de impeachment de Dilma, sabia para ser solicitado para ficar em silêncio. Confirmando a reunião com Joesley na residência oficial de Temer, o gabinete do presidente disse que "não havia nada no diálogo que comprometa a conduta do presidente". Também foi divulgado que Temer "nunca pediu pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha". A JBS não quis comentar. Cunha, que está preso, não pode ser contatado para comentar.
Manifestantes se reuniram na noite de quarta-feira, na frente do palácio presidencial de Brasília e na principal avenida de São Paulo, tocando buzinas e gritando: "Fora, Temer!". O presidente, "que já sofre com um índice de aprovação de apenas 9%, está lutando para introduzir mudanças profundamente impopulares no sistema previdenciário excessivamente generoso do Brasil", descreve o jornal. O FT também cita que, se as denúncias forem provadas, o presidente poderá ser removido do cargo de quatro maneiras: julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por obstrução à Justiça ou dentro de um caso de supostas irregularidades na eleição de 2014, quando ele era vice-presidente; ele também pode sofrer impeachment ou simplesmente renunciar.
"O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um importante aliado que também está sendo investigado por corrupção, seria obrigado a realizar uma eleição indireta dentro de 30 dias, quando legisladores escolheriam um presidente interino para servir até as eleições programadas para o próximo ano." O STF e o Congresso também estão considerando modificações que permitiriam que as eleições gerais fossem realizadas imediatamente em tais casos, mas ainda não foram aprovadas.