Executivo da JBS detalha R$ 175 mi em propina à chapa Dilma e Temer

Segundo Ricardo Saud, diretor da JBS, foram cerca de R$ 5,1 bilhões em gastos oficiais e declarados nas eleições de 2014, incluindo os pleitos para a Presidência da República e também para os governos estaduais

© Reuters

Política ELEIÇÕES 20/05/17 POR Folhapress

Diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud detalhou, em delação premiada, valores pagos pela empresa para comprar os partidos da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer na eleição presidencial de 2014.

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Conhecido como "o homem da mala", pelo papel protagonista na articulação das propinas, Saud teria destinado em nome da empresa quase R$ 175 milhões às legendas.

Foram cerca de R$ 5,1 bilhões em gastos oficiais e declarados nas eleições de 2014, incluindo os pleitos para a Presidência da República e também para os governos estaduais.

O delator deixa claro que o valor não corresponde ao total pago pela empresa a título de propinas, mas sim a um movimento no início da campanha.

A maior parte, diz, foi paga mediante notas fiscais falsas para simular serviços prestados. "No final, vamos ter citado mais de cem escritórios de advocacia, tudo notas falsas", diz.

Segundo o relato de Saud, "todos os partidos tinham consciência de que isso [os valores repassados] era propina paga pelo PT" em retribuição ao suporte do partido ao grupo de Joesley Batista.

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), então candidato a vice-presidente com Dilma, era o maior articulador desses repasses ilegais, diz Saud.

"Com relação à Dilma [Rousseff], não posso afirmar [que ela tinha conhecimento], porque nunca estive com ela, graças a Deus", respondeu o executivo quando perguntado se a ex-presidente petista tinha consciência desses pagamentos.

"Já com Michel Temer", ele completa, "tenho certeza que sabia de todos [os acertos financeiros], porque eu mesmo o comuniquei. Estive com ele muitas vezes, não foram poucas".

Saud detalhou uma das "muitas" oportunidades em que esteve com Temer: "era na Copa do Mundo, um jogo da Holanda que eu vi com o Michel Temer na casa dele, lá na praça, alto de Pinheiros [em São Paulo]. Fui lá com o bilhete que está nos anexos, detalhando os R$ 35 milhões que estavam sendo doados ao senadores", afirmou.

"Falei: 'ó Temer, tá iniciando a campanha, Joesley [Batista, dono da empresa] achou por bem avisar que está doando R$ 35 milhões que não estão passando pelo senhor".

A quantia, ele afirma, se destinava a comprar líderes do PMDB no Senado: Eduardo Braga, Jader Barbalho, Vital do Rêgo, Eunício Oliveira, Renan Calheiros, Valdir Raupp e Henrique Alves são alguns dos citados.

Devido à insistência dos políticos, o valor teria sido ampliado para R$ 46 milhões."Naquele momento havia uma sensação de que o Aécio [Neves] tinha chances reais de ganhar a eleição. Então o PT tentou trazer os caciques do PMDB pra eles", explicou Saud.

Segundo ele, havia resistência entre a cúpula peemedebista ao nome de Michel Temer, e por isso foi preciso investir em comprar essa dissidência.

"O PMDB é o partido hoje no país que tem a maior militância: organização em todos os Estados e quase todas as cidades. Isso barateia demais uma campanha".

O executivo afirma ainda que pagou R$ 36 milhões ao PR, R$ 42 milhões ao PT, R$ 4 milhões para o PDT e R$ 10 milhões para o PCdoB.

O PSD, do então senador e hoje ministro Gilberto Kassab, teria ficado com R$ 40 milhões, negociados pelo próprio Kassab. Com informações da Folhapress.

Leia também: Doria pede 'bom senso' e defende que PSDB permaneça no governo Temer

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