Carta inédita: diplomatas criticam uso da força para reprimir protestos

Grupo de 93 diplomatas e 25 oficiais e assistentes de chancelaria do Itamaraty repudia 'tentações autoritárias'

© REUTERS / Adriano Machado

Brasil Documento 01/06/17 POR Folhapress

Em movimento incomum na diplomacia brasileira, uma carta pública assinada por 119 servidores do Itamaraty repudia "o uso da força para reprimir ou inibir manifestações" e pede renovação do "compromisso com o diálogo construtivo e responsável" na sociedade brasileira.

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O texto diz ser preciso abrir mão de "tentações autoritárias, conveniências e apegos pessoais ou partidários em prol do restabelecimento do pacto democrático no país".

A reportagem apurou que o estopim para a publicação do documento foi a nota do Itamaraty divulgada no último dia 26, que criticava em tom pouco usual o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Segundo a nota, os dois organismos "fantasiosamente querem induzir a crer que o Brasil não dispõe de instituições sólidas, dedicadas à proteção dos direitos humanos e alicerçadas no estado democrático de direito".

As duas entidades, em comunicado conjunto publicado também no dia 26, haviam condenado o "uso excessivo da força por parte da Polícia Militar para reprimir protestos e manifestações".

O texto citava o protesto do dia 24 de maio, em Brasília, organizado por centrais sindicais e movimentos sociais contra o presidente Michel Temer, que terminou com 49 feridos, 8 detidos, prédios depredados e a presença do Exército nas ruas. "Os dois organismos condenam todo ato de violência e urgem os manifestantes a exercer seus direitos à livre manifestação

Em nota publicada na última terça-feira (31), 54 entidades de direitos humanos avaliaram como "gravíssima e destemperada" a reação do ministério.

"A linguagem desrespeitosa e agressiva adotada pelo Itamaraty se distancia demasiadamente da postura que se espera de um país que se diz comprometido com a proteção internacional dos direitos humanos." Com informações da Folhapress.

Leia também: Aéreas passam a vender passagem sem direito a bagagem

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