Violência salta, mas número de detidos despenca no Rio; entenda

Especialista explica que 'não há uma correlação obrigatória entre as duas estatísticas'

© Eric Gaillard / Reuters

Justiça estatística 04/06/17 POR Notícias Ao Minuto

Apesar do estado do Rio de Janeiro viver o seu momento mais violento, o número de criminosas detidos e menores apreendidos despencou, como revelam os números divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). O total de detenções e apreensões nos quatro primeiros meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2016, caiu 11% e 21%, respectivamente.

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Dados da ISP também revelaram que 2017 teve o pior mês de abril, desde que se tem registro, para roubos a pedestres, de celulares, em ônibus, de veículos e de cargas e também para o total de assaltos.

Para explicar este cenário, o Extra consultou o cientista político João Trajano Sento-Sé, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo o especialista, "existe uma certa volatilidade nesses dados, e não há uma correlação obrigatória entre as duas estatísticas, até porque o número de prisões não aponta se a polícia está trabalhando bem. Dito isso, estamos numa tremenda crise no estado, sem precedentes nas últimas décadas, e isso também afeta as polícias, que estão, sim, operando mal e insatisfeitas".

As áreas que registraram queda mais acentuada no número de prisões são: a 62ª DP (Imbariê), de Duque de Caxias; a 48ª DP (Seropédica); a 53ª DP (Mesquita); e a 56ª DP (Comendador Soares), de Nova Iguaçu.

O cientista político explicou que essa diferença nas estatísticas de prisões e apreensões acorre por uma série de fatores ligados à produtividade policial e a um sério problema de efetivo, aumento de demanda, entre outros fatores.

Não creio numa única causa, é uma soma de fatores. Podemos pensar, por exemplo, na questão da produtividade policial, já que a prisão em flagrante depende, em grande parte, de ostensividade, da presença do agente de segurança. E as polícias sofrem hoje, em especial a PM, com um problema sério de efetivo, o que causa uma sobrecarga natural, um estresse físico e psicológico. Aí a demanda aumenta e você não dá conta."

Leia também: Pai e filho são mortos com golpes de facão na Bahia

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