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A União Europeia dará 50 milhões de euros a uma "força conjunta" de cinco países do Sahel, cinturão árido que fica ao sul do deserto do Saara, na África, para controlar fronteiras e combater o terrorismo e o tráfico de seres humanos.
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A operação será formada por tropas de Mauritânia, Mali, Burkina Fasso, Níger e Chade e é mais uma tentativa de Bruxelas, após o recente acordo com a Líbia, de diminuir o fluxo de deslocados externos no Mediterrâneo Central.
A novidade foi anunciada durante uma visita da alta representante da UE para Política Externa e Segurança, a italiana Federica Mogherini, a Bamako, capital do Mali.
O bloco decidiu ampliar seu raio de ação para reduzir o trânsito de deslocados externos pelos países do Sahel, no limite norte da África Subsaariana, de onde parte a maioria das pessoas que cruzam o Mediterrâneo rumo à Itália.
Em 2016, mais de 360 mil imigrantes irregulares desembarcaram em solo italiano, e os oito principais países de origem ficam parcial ou integralmente na África Subsaariana: Nigéria (37,5 mil), Eritreia (20,7 mil), Guiné (13,3 mil), Costa do Marfim (12,4 mil), Gâmbia (11,9 mil), Senegal (10,3 mil), Mali (10 mil) e Sudão (9,3 mil).
Os deslocados externos dessas nações viajam durante semanas pelo deserto, se aproveitando das fronteiras porosas dos Estados da região, para chegar à Líbia, de onde partem em barcos superlotados rumo à Itália.
Também existe o temor de que a crise política e a ameaça constante de uma nova guerra civil na Líbia exportem organizações terroristas, como o Estado Islâmico (EI), para os países do Sahel. "A segurança dessa zona é importante para bloquear o tráfico ilegal de seres humanos, do qual os migrantes são vítimas. A UE felicita o G5 do Sahel pela iniciativa e oferece seu apoio", diz uma nota da Comissão Europeia. Já Mogherini declarou que a estabilidade e o desenvolvimento da região são "cruciais" para a Europa. "Somos vizinhos, e tudo o que acontece em um continente tem impacto no outro. Devemos unir nossas forças para lutar contra o terrorismo e qualquer tipo de tráfico", declarou.
A italiana foi alçada ao posto de líder da política externa europeia no fim de 2014, graças ao apoio do então primeiro-ministro Matteo Renzi, que queria colocar alguém de seu país no comando da diplomacia do bloco para reforçar o combate à crise migratória.
Recentemente, a Itália, amparada pela UE, fechou um acordo para treinar e equipar a Guarda Costeira da Líbia e aumentar o controle nas fronteiras com Egito, Tunísia e Argélia. Assim como a força conjunta do Sahel, o objetivo do pacto é evitar que barcos com imigrantes irregulares cheguem à Europa. Com informações da ANSA.