Rubéola na gestação pode cegar o bebê; saiba como evitar

Contrair rubéola durante a gestação provoca catarata congênita, maior causa de cegueira infantil

© Pixabay

Lifestyle Cuidados 06/06/17 POR Notícias Ao Minuto

De tempo em tempo surgem focos de rubéola em vários pontos do país que deixam as gestantes de 'cabelo em pé'. Não é para menos. A doença contagiosa que geralmente surge na infância pode ser contraída na gravidez e provocar más-formações congênitas no bebê. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a contaminação da gestante é a principal causa da catarata congênita. Acontece porque muitas mulheres desconhecem se são imunes ao vírus que causa a doença, o rubivírus.

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O especialista afirma que imunidade só é adquirida após a segunda vacina. A primeira é aplicada quando a criança completa um ano. A segunda entre 4 e 6 anos. O problema é que muitas pessoas deixam de tomar a segunda dose e não ficam imunizadas. Por isso, o médico recomenda que no início da vida sexual toda mulher faça um teste sorológico, disponível na rede pública de saúde, para checar se é soropositiva ao rubivírus. Em caso de não estar imune deve tomar a vacina. Isso porque, se contrair rubéola durante uma gestação, o vírus atravessa a placenta e provoca alterações nos tecidos do feto em formação. Os sistemas mais atingidos são o cardíaco e nervoso, incluindo os olhos. Significa que além da catarata congênita, a doença também pode causar no feto surdez, retardamento mental, malformação do globo ocular (microftalmia) e até interromper a gestação.

Sem sintomas

Queiroz Neto afirma que o maior desafio da rubéola entre gestantes é a falta de sintomas em 80% dos casos. Só em 20% das pessoas surgem pequenas manchas vermelhas na pele, febre, dor nas articulações e aumento dos gânglios. Por isso, é comum mulheres confundirem algum mal-estar da rubéola com gripe. “Só ficam sabendo que tiveram a doença durante a gestação quando o bebê nasce com catarata”, comenta. Ele ressalta que independente dos sintomas a vacina não deve ser tomada durante a gravidez. Isso porque, é produzida com o vírus vivo e pode trazer complicações para a saúde do feto.

Sequelas da catarata congênita

O oftalmologista explica que entre crianças ou idosos as características da catarata são idênticas: o cristalino do olho fica opaco e impede que as imagens cheguem à retina, levando à cegueira se não for tratada.

A diferença é que no caso da catarata infantil a visão está em desenvolvimento. Por isso a falta de diagnóstico logo no início pode acarretar outras doenças. Uma delas é a ambliopia ou olho preguiçoso que acontece quando só um olho é atingido pela catarata. “O esforço visual para enxergar com o olho de melhor visão anula o desenvolvimento do outro”, afirma. Outras seqüelas oculares que podem estar associadas à catarata congênita são: nistagmo (movimentos não coordenados dos olhos), estrabismo (desalinhamento dos olhos), fotofobia (aversão à luz) e dificuldade de fixação do olhos.

Diagnóstico

Queiroz Neto afirma que o diagnóstico da catarata congênita é feito através de um exame barato e indolor. Trata-se do teste do olhinho, que deve ser realizado logo que o bebê nasce e está em vias de se tornar obrigatório em todo o país. É feito com um oftalmoscópio, espécie de lanterna com a qual o médico joga luz sobre o olho do bebê. Quando a luz emite um reflexo vermelho contínuo significa que o olho é saudável. Se o reflexo for descontínuo ou não for emitido indica catarata congênita.

Tratamento

O oftalmologista diz que a cirurgia com implante de uma lente intraocular que substitui o cristalino opaco também é indicada no tratamento da catarata infantil. O procedimento, comenta, deve ser só feito quando o bebê completa três meses. Isso porque, proporciona melhor recuperação da função visual e pode induzir ao glaucoma se for realizado antes.

Ele destaca que o comprometimento dos pais é essencial para que a criança tenha boa visão. Isso porque, é necessário estimular o desenvolvimento da visão e ter acompanhamento com um oftalmologista a cada 3 meses após a cirurgia.

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