BC não sinalizou quebra no ciclo de corte de juros, diz Meirelles

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 1 ponto porcentual

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Economia Política Monetária 07/06/17 POR Estadao Conteudo

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avaliou nesta quarta-feira, 7, que o Banco Central não fez qualquer sinalização sobre uma possível interrupção no ciclo de corte dos juros básicos da economia, atualmente em 10,25% ao ano. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 1 ponto porcentual. "O BC baixou o juro e agiu conforme esperado pelo mercado financeiro", salientou.

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No documento que se seguiu à decisão, o colegiado colocou um pé no freio em relação ao ritmo de baixas que vinha empregando nos últimos meses, sinalizando que poderia haver impactos de questões políticas sobre o andamento das reformas.

"O BC não sinalizou que vai interromper ciclo de corte de juros: deu indicação clara aos mercados de que seguiria monitorando economia e inflação, o que é normal", comentou.

Meirelles lembrou que a autoridade monetária tem uma meta de inflação para entregar. "A atividade econômica é um dos componentes que influenciam o comportamento futuro da inflação. Este foi um comunicado normal, correto", observou.

Previsões econômicas

O ministro da Fazenda disse que não há "erros e acertos" em previsões econômicas, mas que elas podem ser classificadas como pessimistas, realistas ou otimistas. Ele fez esta avaliação quando questionado por jornalistas sobre a diferença das previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) para o Brasil em 2017 feitas pelo governo, de 0,5%, e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 0,7%.

Os jornalistas também quiseram saber porque o governo fala em um ritmo de crescimento de 3% no início de 2018 - não há ainda projeção para o ano fechado - enquanto a entidade, por sua vez, tem uma previsão de 1,6% de expansão. "É normal ser maior ou menor dentro de estruturas de previsão. Estamos acompanhando a economia de perto e com dados setoriais", disse o ministro.

Perguntado, então, sobre se a avaliação da OCDE estaria errada, ele prontamente respondeu que o governo brasileiro leva em conta as estimativas de diversos órgãos, como as da OCDE e também do Fundo Monetário Internacional (FMI). "A previsão da OCDE é importante", respondeu rapidamente. Na semana passada, o governo brasileiro oficializou o pedido de integração à instituição. "É normal haver essas discrepâncias, pois estamos falando de vários fatores", considerou.

O importante, de acordo com o ministro, é que todas as projeções apontam para a retomada econômica. Meirelles falou com jornalistas na sede da OCDE, em Paris, onde participa de evento da instituição e de encontros com potenciais investidores estrangeiros.

Saia justa

O ministro da Fazenda escapou de uma saia justa durante uma apresentação em um seminário realizado na França. Após fazer uma apresentação, Meirelles recebeu alguns questionamentos de presentes. Uma das perguntas, no entanto, ele teve que pedir para que fosse repetida, pois ele havia se distraído com o celular e não a escutou. "Fui ver o que estava ocorrendo no Brasil, mas está tudo calmo por lá", justificou tirando risos da plateia.

Esse episódio ocorreu durante a apresentação "Brasil: o retorno ao crescimento", realizado em Paris e organizado pela agência de apoio à internacionalização da economia francesa, Business France. Em seguida, Meirelles foi até à sede da OCDE para falar com jornalistas.

Empresas francesas

Durante o evento, ele enfatizou a importância de empresas francesas que queiram continuar e investir no Brasil. Perguntado sobre por que o perfil do investidor brasileiro é muito voltado para o mercado doméstico e pouco para o exterior, Meirelles apresentou os números brasileiros.

Disse que a classe média passou de 68 milhões de pessoas para 125 milhões de 2003 para hoje. "Temos um mercado de consumo que já atingiu 150 milhões de pessoas, é número substancial e justifica os investimentos internos", argumentou.

Além do mais, de acordo com o ministro, o mercado de capitais começou a contar com fontes de financiamento, deixando de ter estrutura familiar para passar para a profissionalização. Ele também disse que os bancos brasileiros são muito "grandes e fortes" e que, por isso, até oferecem barreiras para outras instituições que queiram entrar no mercado brasileiro por questões competitivas, mas que a atuação desses bancos fora do País ainda é pequena. "Essa presença internacional vai se tornar uma realidade", previu.

Oportunidades no Brasil

O ministro da Fazenda destacou oportunidades de negócios no Brasil na área de aeroportos, energia e transporte em geral para potenciais investidores na França. "Existe uma oportunidade grande na área de aeroportos, que vai continuar", disse, explicando que, em vez de concessões isoladas, o governo promoverá leilões para grupos de aeroportos regionais. Ele também citou a área de transmissão de energia, comentando que há "vários" leilões em andamento, além do setor de Transportes em geral.

"A área de infraestrutura em geral (é uma boa oportunidade de negócio no Brasil). Houve queda dos investimentos nos dois anos de recessão e agora estamos vendo subida forte", disse, no seminário da Business France. "Existe uma oportunidade grande de investimento no País", continuou.

O ministro enfatizou que o governo vem diminuindo a quantidade de subsídios e de aportes públicos. A ideia, de acordo com ele, é transformar cada vez mais o País em uma economia de mercado.

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