© Bruno Cantini / Atlético
É apenas uma questão de tempo para o Atlético-MG ter seu próprio estádio, que será erguido no bairro Califórnia, na região noroeste de Belo Horizonte. Nos próximos dias, a diretoria do clube vai apresentar ao conselho deliberativo toda a estratégia para levantar os R$ 400 milhões previstos para a construção da arena.
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Antes de mostrar os números aos conselheiros, os responsáveis pelo projeto pensaram em todos os detalhes. Um dos pontos mais importantes é de como fazer com que o estádio gere dinheiro nos dias sem partidas de futebol.
Durante os últimos anos, o Atlético estudou bastante como trabalham os clubes brasileiros que possuem estádios próprios. E foi o Palmeiras quem mais chamou a atenção. O clube paulista ergueu o Allianz Parque sem tirar nenhum recurso do futebol. Assim como o Atlético pretende fazer.
E foi a partir da relação entre Palmeiras e WTorre, empresa responsável pela construção e administração do Allianz Parque, que o Atlético elaborou seu plano de administração do novo estádio. Porém, segundo o presidente do clube mineiro, Daniel Nepomuceno, o Atlético vai ter um acordo mais avançado do que tem o Palmeiras com a WTorre.
"O Grêmio tem um estádio que é dele, mas não recebe um centavo. Tem a situação do Corinthians também, que criou uma dívida com bancos, por ter feito uma Arena. Tem o exemplo do Palmeiras, mas o nosso acordo é um pouco mais avançado. Nós não seremos sócios da empresa que ativar os eventos. A empresa vai comprar as nossas datas, então é diferente. Vai prevalecer o futebol. Fora o futebol, vamos poder vender as datas. Não vai existir um canibalismo", disse o mandatário atleticano em entrevista à Rádio Itatiaia.
Como a WTorre precisa recuperar de alguma maneira o dinheiro que foi investido construção do Allianz Parque, a empresa tem preferência nas datas. Em caso de show ou algum outro grande evento, o Palmeiras precisa atuar em outro local, geralmente no Pacaembu. De acordo com Nepomuceno, essa é uma situação que não vai acontecer com o Atlético.
"Diferente do que aconteceu na maioria dos estádios do país, as 40 mil cadeiras serão do Atlético. O poder de negociar todos os eventos também vai ser do Atlético."
O fato de contar com uma arena moderna faz o Atlético acreditar que vai ocupar bem as datas que não forem utilizadas pelo futebol. "A gente estudou bastante isso. Você tem em média de 35 jogos em casa durante o ano. Teremos aí um ativo de mais de 300 dias para poder trabalhar. Aí vem uma questão de arquitetura. É uma arena moderna, você consegue montar um palco e pegar uma parte para dez mil pessoas. Tem como preparar também para eventos para mais de 15 mil pessoas. Algo que não ocorre no Mineirão e muito menos no Independência. Você deve ter no país, no mínimo, uns 20 eventos de grandes artistas e Belo Horizonte só recebe três, por não ter espaço para isso", completou o dirigente atleticano.
FUNDO DE INVESTIMENTOS
Para levantar R$ 400 milhões que serão usados na construção do estádio, o Atlético usou bastante criatividade. O clube conta com alguns parceiros já confirmados. A MRV doou o terreno e garante o pagamento dos naming rights, caso o Atlético não consiga negociar com outra empresa.
A Multiplan tem um acordo comercial com o clube mineiro para a exploração do shopping Diamond Mall. Como o contrato se encerra em menos de uma década, a empresa já se movimenta em busca da renovação e vai ajudar na construção do estádio.
Além disso, todas as garantias financeiras vão ser dadas pelo Banco BMG, que pertence a Ricardo Guimarães, que foi presidente do Atlético na década passada. Para completar o valor necessário, o Atlético vai recorrer a mais algumas estratégias, como contratos de exclusividade no fornecimento de bebidas e alimentos no estádio, assim como a exploração do estacionamento.
O clube ainda vai vender cadeiras cativas aos torcedores, para atingir a marca de R$ 400 milhões. "Não vamos colocar um tijolo ou uma grama de cimento enquanto todo o dinheiro não estiver no fundo de investimento", garantiu Nepomuceno. Com informações da Folhapress.