Prefeitura do Rio propõe financiamento privado para escolas de samba

Neste sábado, 17, no período da tarde, integrantes de escolas farão um protesto ao som de samba em frente à prefeitura, com caminhada até o sambódromo

© Pilar Olivares/Reuters

Brasil repasse 17/06/17 POR Estadao Conteudo

Depois de reduzir de R$ 2 milhões para R$ 1 milhão o repasse às escolas de samba do Grupo Especial, levando-as a se recusar a pisar na Sapucaí no carnaval do ano que vem, a prefeitura do Rio anunciou que estuda a criação de um modelo de financiamento privado para as agremiações, como é feito com os desfiles dos blocos de rua. A ideia seria criar regras para que empresas patrocinem as agremiações. Neste sábado, 17, no período da tarde, integrantes de escolas farão um protesto ao som de samba em frente à prefeitura, com caminhada até o sambódromo.

PUB

Na ausência do prefeito, Marcelo Crivella (PRB), que cancelou uma reunião que teria com a Liga Independente das Escolas de samba (Liesa) esta semana (pouco antes do horário combinado, segundo dirigentes), e viajou para um evento sobre ciclismo na Holanda, a Riotur se manifestou sobre o imbróglio na sexta-feira, garantindo que "não existe motivo para polêmica".

Em nota, o órgão municipal, responsável pela realização dos desfiles, informou que "já estuda o desenvolvimento de mecanismos para que sejam captados investimentos da iniciativa privada", e que poderá lançar um caderno de encargos para as empresas - documento com as diretrizes que devem ser seguidas pelos patrocinadores e suas contrapartidas. "O carnaval do Rio está garantido. E vai continuar sendo o maior espetáculo do planeta", diz o comunicado.

A alegação do prefeito é que os R$ 13 milhões que iriam para as escolas (R$ 1 milhão para cada) será agora destinado a creches municipais. A nota da Riotur diz que "diante da crise, deve-se priorizar o que é essencial, e, nesse momento, aplicar recursos na educação e na alimentação das crianças nas creches é primordial".

O argumento é considerado demagógico por integrantes de escolas ouvidos pela reportagem do Estado. Eles acreditam que o comportamento do prefeito está contaminado pelo fato de ele ser bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, que repudia o carnaval.

"Opor carnaval e creche é demagogia total", critica o carnavalesco da Mangueira, Leandro Vieira. "O prefeito tem extrema má vontade com o carnaval. Não visitou a Cidade do Samba (onde ficam os barracões), não entregou as chaves da cidade ao Rei Momo, não foi aos desfiles. Ele representa a ideologia evangélica. Carnaval não gera despesa para os cofres públicos, e sim receita".

A soma da subvenção da prefeitura, dos valores recebidos da TV Globo pelos direitos de transmissão dos desfiles e da venda de ingressos da Sapucaí dá cerca de R$ 5 milhões para cada escola. Por conta da crise, as agremiações perderam nos últimos anos verbas do governo do Estado e da Petrobrás e patrocínios de empresas, de modo que a redução do subsídio do município terá grande impacto na produção do carnaval, argumentam.

Traição

Dirigentes se sentem traídos por Crivella, que contou com o apoio deles na campanha do ano passado, inclusive com pedidos de votos nas quadras, e alegam que a festa atraiu mais de 1 milhão de turistas este ano, e movimentou a economia em R$ 3 bilhões.

"O discurso do prefeito não tem cabimento, carnaval é cultura, educação é educação. É uma decepção, vai afetar diretamente 10 mil empregos diretos e indiretos. Quero ouvir isso dele", disse o presidente da Mangueira, Chiquinho da Mangueira. "Não é um prefeito ligado ao carnaval. As escolas são cobradas cada vez mais, não podem retroagir. É preciso dialogar", opinou Junior Schall, ex-diretor da Vila Isabel, hoje na Vai-Vai.

"O prefeito prometeu que não ia mexer na subvenção e ainda ia ajudar mais; por exemplo, com o fim da cobrança do Imposto Sobre Serviços das escolas. Ele não tem a dimensão da importância dos desfiles. Os barracões empregam funcionários o ano inteiro, são 40 pessoas por uns 9 meses e 300 perto do carnaval", afirmou o diretor de carnaval da Grande Rio, Dudu Azevedo.

Para a pesquisadora de carnaval Rachel Valença, integrante da Velha Guarda do Império Serrano, Crivella erra não ao reduzir o repasse, e sim por não aproveitar o momento para cobrar transparência das escolas nas prestações de contas à prefeitura. Ela não acredita que os patrocínios privados sejam a solução. "Até hoje as empresas só procuraram as escolas para serem enredo. Não acredito em patrocínio desinteressado."

LEIA TAMBÉM: Ação policial causa mais uma confusão na nova Cracolândia

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Cazaquistão Há 17 Horas

Avião com 72 pessoas a bordo cai no Cazaquistão; há sobreviventes

fama Justiça Há 12 Horas

Ex-bailarina do Faustão tem habeas corpus negado e vai passar o fim de ano na prisão

esporte Prisão Há 18 Horas

Por que Robinho não teve direito à 'saidinha' e vai passar Natal preso

fama Festas Há 17 Horas

Cachorro de Anitta some na noite de Natal: 'ainda vai me matar do coração'

fama Saúde Há 10 Horas

Filho de Faustão fala sobre a saúde do pai após transplantes

fama Televisão Há 16 Horas

SBT desiste de contratar Pablo Marçal e terá Cariúcha em novo Casos de Família

fama Música Há 18 Horas

Hit natalino de Mariah Carey entra na 17ª semana em primeiro na Billboard

economia Consumos Há 17 Horas

Saiba como evitar o aumento da conta de luz durante o verão

politica STF Há 17 Horas

Moraes diz que Daniel Silveira mentiu ao usar hospital como álibi e mantém prisão

justica Investigação Há 16 Horas

Duas pessoas morrem e três estão internadas após comerem bolo em Torres (RS)