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Uma vez por semana, três homens armados descem o Morro da Providência, no centro do Rio, com um caderno nas mãos e uma lista de placas das vans que seguem da Central do Brasil para a Baixada Fluminense. O trio aborda motoristas individualmente e recolhe uma taxa semanal de R$ 50 por veículo. O procedimento é realizado há pelo menos um ano.
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As 360 vans que circulam pelo local, que, ironicamente, fica próximo à Secretaria estadual de Segurança, rendem R$ 72 mil ao tráfico.
O chefe do tráfico da Providência Evanilson Marques da Silva, conhecido Dão, é quem dá o aval para a operação acontecer, segundo o Extra.
"É o arrego do tráfico. Eles são organizados e têm até uma espécie de planilha. Pegam as placas dos carros e o número de ordem do Detro. Fica tudo anotado num caderno. Quando o motorista encosta o veículo e desce do carro, eles abordam e fazem o recolhe. Depois que recebem o dinheiro, colocam um “OK” ao lado da placa anotada no caderno", explicou um dos motoristas ao site, que não quis se identificar.
O prazo máximo de inadimplência tolerado pelo grupo é de duas semanas. Depois disso, o veículo fica proibido de rodar.
"Quem não paga fica impedido de parar ali perto do Américo Fontenelle. E sofre as consequências. Os bandidos vão lá, retiram as chaves dos carros e impedem os veículos de sair. A gente trabalha o tempo todo sob pressão", contou um segundo motorista.
O delegado responsável pelo caso, Rui Barbosa, da 4ª DP (Central do Brasil), afirmar ter identificado quatro pessoas envolvidas na ação, mas explica que os nomes são mantidos em sigilo.
Comerciantes locais também tiveram suas lojas saqueadas pelos traficantes por terem se recusado a pagar uma taxa semanal que varia de R$ 1 mil a R$ 2 mil para terem permissão para trabalhar sem serem incomodados. Segundo um comerciante, vendedores ambulantes também são obrigados a pagar de R$ 30 a R$ 50.
Foi emitido em 2015 um mandado de prisão contra Dão da Providência pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico. O portal Procurados oferece uma recompensa de R$ 5 mil por informações que levem à prisão do traficante.
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