Especialista explica causa do incêndio em Portugal

Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, explicou que neste período, com o verão no hemisfério norte começando nesta quarta-feira (21), "Portugal é seco"

© REUTERS/Rafael Marchante

Mundo tragédia 19/06/17 POR Ana Ferraz, Ansa

Na tarde do último sábado, dia 17, um incêndio de enormes proporções matou ao menos 63 pessoas e deixou outras 135 feridas em Pedrógão Grande, no centro de Portugal. Poucas horas após seu início, as autoridades do país descartaram a possibilidade de que o incêndio teria sido criminoso e afirmaram que suas causas são naturais, fruto das chamadas "trovoadas secas". Mas no que consta esse fenômeno? Segundo o especialista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, as "trovadas secas" são "a precipitação que não consegue alcançar o chão; ela sai da nuvem, mas evapora na queda porque o ar é muito seco".

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De acordo com Oliveira, as "nuvens carregadas que se formaram sobre a região central de Portugal vieram acompanhadas de cargas elétricas e foram essas descargas que justamente atingiram a mata seca e iniciaram o incêndio".   

O especialista explicou que neste período, com o verão no hemisfério norte começando nesta quarta-feira (21), "Portugal é seco". Isso acontece já que a "temperatura é bastante alta" e por que os acumulados médios de chuvas em junho e julho no país são baixos, de cerca de 40 mms e 10 mms, respectivamente.   

Essa combinação de poucas chuvas e temperaturas elevadas faz com que a vegetação fique mais seca, o que facilita a propagação do fogo. Além disso, ventos fortes também podem fazer com que as chamas se espalhem por regiões maiores em um tempo menor.

"A falta de chuva junto com temperaturas altas mantêm a vegetação seca e muito provavelmente no sábado, quando começou o incêndio, também tínhamos ventos fortes que ajudaram a propagar rapidamente essa chama", comentou o brasileiro. Ainda segundo Oliveira, esse cenário é muito semelhante ao do inverno no Brasil, principalmente nas regiões de cerrado do centro do país.

"Nós temos acumulados de chuva muito baixos, temperaturas extremamente elevadas e isso deixa a vegetação muito seca e assim qualquer fagulha, qualquer descarga elétrica de uma trovoada, acaba começando um incêndio", disse.

No entanto, o especialista ressaltou que há duas principais diferenças entre os incêndios no Brasil e em Portugal que também podem explicar a alta taxa de mortalidade da tragédia do fim de semana. A primeira delas é o tipo de vegetação dos dois países.

"A vegetação do Brasil central, principalmente pensando no cerrado, é mais baixa, rasteira, se comparada à vegetação de uma floresta de clima temperado, que é o caso de Portugal. Então as chamas não aumentam tanto" na nossa nação, explicou Oliveira.   

Já a segunda diferença é a densidade populacional das áreas onde são registrados os maiores números de incêndios florestais. No Brasil, as regiões que sofrem com incêndios são habitadas por poucas pessoas.

"Então, nesses casos os incêndios, que acontecem muitas vezes de forma até criminosa para botar fogo na floresta e depois plantar pastagem, acabam atingindo áreas vazias no aspecto de população". Sendo assim, das duas nações, ambas conhecidas por grandes e perigosos incêndios, Portugal acaba tendo um número maior de feridos, desaparecidos e mortos causados pelo fogo em comparação com o Brasil. (ANSA)

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