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A Rosneft, a principal petroleira da Rússia, diz que foi o alvo principal do ciberataque que paralisou sistemas global registrado na terça-feira (27). A empresa crê que o ataque partiu de território ucraniano, para depois espalhar-se pelo mundo, e que ele pode fazer parte de uma disputa comercial que parou na Justiça russa.
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Segundo a reportagem ouviu de um dos diretores da empresa, que pediu reserva sobre sua identidade, a versão de que o ataque visava principalmente atingir o governo de Kiev, já que sistemas de transportes da capital ucraniana foram paralisados, pode escamotear uma outra realidade.
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Ele conta que a principal área atingida na Rosneft foi a de redes internas da Bashneft, uma subsidiária que neste momento é alvo de uma disputa bilionária. A empresa, uma antiga estatal soviética, havia sido privatizada em 2002. Em 2014, o Estado russo a tomou dos controladores da empresa AFK Sistema, presos por corrupção.
Dois anos depois, a Rosneft, que tem 75% de capital estatal, assumiu seu controle. Neste ano, iniciou um processo em que pede quase US$ 2 bilhões dos antigos controladores em reparação, já que eles teriam desviado bens da companhia nesse valor.
A ação do caso corre em Ufa, no sul russo, onde a empresa é sediada. Segundo o alto funcionário da Rosneft, os computadores da subsidiária reiniciaram e começaram a mostrar a mensagem de que só seriam "libertados" se fossem pagos US$ 300 em bitcoins (moeda virtual) por máquina.
A suspeita, algo óbvia, é de que alguém quis apagar conteúdos de documentos da Bashneft enquanto o processo se desenrola e disfarçou a ação num pedido de resgate virtual.
Para os técnicos que lidam com o problema na Rosneft, o malware (software malicioso) foi instalado via e-mail há semanas, talvez meses, e só entrou em ação agora. Eles afetaram a área de contabilidade, comunicação interna e arquivos da empresa, mas não a produção de petróleo. A empresa estima que só terá seus sistemas totalmente restaurados na próxima segunda (3), e não se sabe ainda o tamanho do estrago a arquivos.
O governo ucraniano, por sua vez, suspeita que foi alvo de hackers russos, em mais um lance da disputa entre os dois países. Em 2014, um golpe derrubou o governo pró-russo em Kiev.
Em contrapartida, Moscou estimulou separatistas étnicos russos na província da Crimeia e a anexou, além de fomentar rebeldes favoráveis ao Kremlin no leste da Ucrânia. A disputa hoje se encontra congelada, embora continue fazendo vítimas -até aqui, cerca de 10 mil pessoas morreram no conflito. Com informações da Folhapress.