Megaoperação prende 63 PMs suspeitos de apoio a tráfico

Outros 22 traficantes e dois "recolhedores de propinas" também foram presos na Operação Calabar

© Ricardo Moraes/Reuters

Justiça Rio de Janeiro 30/06/17 POR Folhapress

Pelo menos 62 policiais militares foram presos nessa quinta (29) numa operação para desarticular um esquema de corrupção em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Outros 22 traficantes e dois "recolhedores de propinas" também foram presos.

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Desde o início da manhã, policiais civis tentam cumprir 184 mandados de prisão preventiva. No total, 96 policiais militares foram indiciados. A maioria são sargentos e cabos. Dos presos, um sub tenente tem a patente mais alta.

O 7º Batalhão da PM, único do município, é o principal alvo da investigação. De acordo com os investigadores, o esquema de propina paga por traficantes de 50 comunidades da cidade rendia cerca de R$ 1 milhão por mês aos militares. São Gonçalo é uma das cidades mais violentas do Estado do Rio. "É um dia triste, mas necessário. Não vamos esmorecer e continuaremos lutando", disse o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá.

"No momento que o país enfrenta uma crise ética e moral, desconheço instituições que cortem na carne com as polícias. A corrupção é um grande problema [na polícia], mas não o maior", acrescentou o secretário. Os policiais presos vão responder por organização criminosa e corrupção passiva. Já os supostos traficantes serão indiciados por tráfico, organização criminosa e corrupção ativa.

Segundo a investigação, os militares ofereciam uma série de "serviços aos traficantes", que incluía aluguel de fuzis até a escolta dos criminosos nos deslocamento de uma comunidade para a outra da cidade. A operação batizada de Calabar é uma das maiores da história relativa a casos de corrupção envolvendo PMs e traficantes. No Estado do Rio, é a maior.

A investigação teve início no ano passado teve início no ano passado na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo e contou com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Na acusação, a Polícia Civil relata que os PMs do 7º Batalhão também sequestravam traficantes. Nas escutas anexadas na investigação, os militares cobravam R$ 10 mil pelo resgate.

+ Polícia Federal prende 14 suspeitos de tráfico de drogas internacional

Na Comunidade Salgueiro, a cidade conta com um dos maiores depósitos de drogas e armas do Comando Vermelho. Os investigadores revelaram que o esquema de recolher a propina nas bocas de fumo das favelas da cidade usava carros oficiais da PM e funcionava de quinta até domingo.

Os presos cobravam até R$ 2,5 mil para cada equipe de policiais que estavam em plantão. Agentes envolvidos na operação afirmam que havia pagamento de propina do tráfico até dentro do batalhão. O inquérito conta com escutas de dois mil diálogos entre PMs e traficantes.

COMANDANTE CONDENADO

O Batalhão de São Gonçalo já teve um comandante condenado pela morte de uma juíza. Em 2014, o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva Oliveira, ex-comandante do batalhão, foi condenado a 36 anos de prisão em regime fechado pela morte da juíza Patrícia Acioli, assassinada em 2011.

A juíza atuava contra grupos de extermínio formados por policias militares do batalhão comandado por Oliveira, que era acusado de ser o mentor de seu assassinato. Ele foi considerado culpado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, mediante emboscada e com o objetivo de assegurar a impunidade) e por formação de quadrilha armada.

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