Protestos tentam aumentar pressão para impeachment de Trump

Os atos acontecem menos de seis meses depois da posse do republicano na Casa Branca

© Jim Bourg/Reuters

Mundo CRISE 01/07/17 POR ANSA

Pelo menos 44 cidades dos Estados Unidos realizarão neste domingo (2) marchas pelo impeachment de Donald Trump, na primeira grande onda de manifestações pedindo a queda do presidente.

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Os atos acontecem menos de seis meses depois da posse do republicano na Casa Branca e em meio aos escândalos que rondam seu governo, principalmente o "Russiagate", inquérito do FBI que investiga supostas interferências da Rússia na eleição presidencial de 2016.

Organizadas por movimentos da sociedade civil, as marchas se baseiam em duas premissas para cobrar o impeachment. A primeira é de que o presidente, ao não se afastar de seus negócios no país e no exterior, "violou intencionalmente" as Cláusulas de Emolumentos (lucros) Estrangeiros e Domésticos da Constituição.

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Esses dois itens da Carta Magna norte-americana foram criados para impedir funcionários públicos de serem corrompidos por presentes ou pagamentos por parte do governo nacional, com exceção do salário, e de "poderes estrangeiros".

Empresas estatais da China e dos Emirados Árabes Unidos, por exemplo, alugaram escritórios na Trump Tower, em Nova York, e algumas companhias do império imobiliário de Trump recebem subsídios do governo dos Estados Unidos.

"Ele está lucrando com a Presidência à custa do povo e se beneficiando de empresas cujos patrimônios cresceram graças a sua posição", diz Jed Pauker, um dos organizadores dos protestos.

Ele cita como exemplo o fato de Trump ter usado um hotel de sua propriedade em Washington para realizar, na última quarta-feira (28), um evento de arrecadação de fundos para sua campanha de reeleição em 2020, com entradas custando US$ 35 mil.

A segunda premissa é uma potencial obstrução de Justiça por parte do republicano, que teria tentado interferir nas investigações do FBi sobre o "Russiagate". Em maio passado, o presidente demitiu o então diretor da corporação, James Comey, alegando problemas no inquérito contra Hillary Clinton sobre o uso de emails privados em comunicações oficiais.

Após a demissão, Comey depôs na comissão do Senado que também investiga as supostas ações da Rússia na eleição presidencial e indicou que Trump queria "algo em troca" para mantê-lo como diretor do FBI.

"Uma potencial obstrução de Justiça ligada ao caso da influência [russa] na eleição e a infundada demissão do diretor do FBI unem-se ao notório conflito de interesses financeiros que envenena a legitimidade de sua Presidência. O impeachment é o procedimento que pode garantir que respostas sejam obtidas", declarou Pauker.

Entre as 44 cidades que sediarão a marcha pelo impeachment, Los Angeles deve ter o maior público, entre 5 mil e 10 mil pessoas, segundo os organizadores. Sem ilusões de que Trump possa ser afastado em um curto período de tempo, eles apostam nas eleições de meio de mandato, em 2018, para pressionar deputados e senadores que tentarão se reeleger.

"O claro perigo para nossa república representado pelas ações do presidente demandam atenção e pressão constante para devolver uma liderança competente e confiável ao Salão Oval. Como membros do Congresso estão sendo cada vez mais forçados a colocar o país acima do partido, o impeachment pode se tornar mais provável e útil para membros que tentarão ser reeleitos em 2018", acrescenta Pauker.

Corrupção, traição e obstrução de Justiça são os crimes que podem motivar a abertura de um processo de impeachment nos EUA, algo que só aconteceu com dois presidentes: Andrew Johnson (1868) e Bill Clinton (1998), ambos absolvidos.

O processo precisaria ser aprovado pela Câmara dos Representantes, por maioria simples (218 de 435 votos), antes de seguir para o Senado, onde a destituição necessitaria do apoio de pelo menos 67 dos 100 membros da Casa, ou seja, dois terços do total. (ANSA)

 

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