© Ueslei Marcelino / Reuters
Depois de 48 dias longe do Congresso, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) reassumiu nesta terça-feira a atividade parlamentar e fez um discurso negando as acusações contra ele na delação do grupo JBS.
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"Não cometi crime algum. Não aceitei recursos de origem ilícita. Não prometi ou ofereci vantagem ilícita a ninguém", disse.
Aécio negou ainda ter atuado para obstruir a Justiça e se disse vítima de uma "armadilha" do empresário Joesley Batista, que o gravou em março pedindo R$ 2 milhões.
Em seu discurso, o senador disse ainda ter errado "por me deixar nessa trema ardilosa", disse, sem detalhar qual seu erro.
O tucano desferiu ataques a Joesley, a quem acusou de "falta de caráter", mas evitou dirigir críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelas acusações contra ele.
"Errei também e por isso me desculpei vocabulário que não me é comum", acrescentou.
Ao subir na tribuna, Aécio também elogiou a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, que autorizou seu retorno ao Senado. O plenário do Senado estava praticamente vazio quando Aécio ingressou. Havia uma pequena quantidade de senadores, em torno de dez, a maioria do PSDB.
O tucano teve seu pronunciamento impedido inicialmente por uma campainha que disparou por cerca de 3 minutos, atrasando a fala de Aécio. A fala foi encerrada com um tímido aplauso de aliados e, em acordo com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), não foram autorizadas falas no meio do discurso de Aécio, evitando ataques da oposição.
O discurso foi antecipado pelo senador para parlamentares do PSDB que participaram de um almoço no gabinete do senador Tasso Jereissati (CE), que ocupa interinamente a presidência do partido.Afastado há mais de um mês do mandato por decisão da Justiça, o tucano apareceu de forma discreta e entrou por um prédio anexo que dá acesso aos gabinetes.
O senador chegou às 13h45 para participar do almoço do partido e chegou ao plenário por volta das 16h15, para discursar.O tucano teve uma chegada discreta e não quis dar declarações. "Mais tarde eu falo com vocês", disse.
Apenas a deputada Bruna Furlan (PSDB-SP) o aguardava com uma mensagem de boas vindas. Ele chegou acompanhado de José Aníbal, ex-senador por São Paulo.Aécio se reuniu nesta manhã com os senadores Paulo Bauer (SC), líder do partido no Senado, e Cassio Cunha Lima (PB), vice-presidente da Casa.
O tucano esteve pela última vez no Senado no dia 17 de maio, quando foram divulgadas as primeiras acusações do grupo JBS contra o tucano. Quando o teor da delação foi publicado, ele deixou o Congresso discretamente, sem falar com a imprensa.
No dia seguinte, o ministro Luiz Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu afastar Aécio das atividades públicas depois de ele ter sido gravado pelo empresário Joesley Batista pedindo R$ 2 milhões. Na conversa, o tucano falou ainda sobre tentativas de barrar as investigações da Lava Jato. A decisão do STF foi revertida na semana passada pela Justiça.
O retorno do tucano ao Senado se diferencia de um episódio que aconteceu há quase três anos, quando ele retornou ao Congresso em novembro 2014, depois de ter sido derrotado nas urnas pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Na ocasião, depois de ter se ficado fora das atividades legislativas por vários meses para disputar o Palácio do Planalto, Aécio chegou falando que lideraria o "exército da oposição".
Em 2014, o tucano foi recebido em Brasília no aeroporto e saudado na volta ao Congresso por cerca de 200 pessoas sob gritos de "fora PT" e "Aécio presidente". A cena não se repetiu nesta terça, e Aécio escolheu entrar no Senado por um dos anexos e não pela entrada principal, como fez em novembro de 2014, quando havia conquistado 51 milhões de votos para presidente.
Os tucanos discutiram nesta terça o futuro do partido no governo e o comando da sigla. Aécio está licenciado do cargo de presidente desde maio, quando foi afastado do mandato pelo STF.
Tasso chegou a oferecer a presidência do partido a Aécio, que sugeriu que não voltaria ao cargo.
TEMER
Aécio falou da agenda de reformas do governo do presidente Michel Temer e fez um apelo para que o governo reveja sua posição de adiar o reajuste do programa Bolsa Família. Com informações da Folhapress.
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