© Bruno Kelly / Reuters
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, e o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Franklimberg de Freitas, visitaram neste sábado (8) o abrigo onde estão os indígenas venezuelanos warao, no bairro Coroado, em Manaus. O local foi reformado para alojar os imigrantes que buscaram na capital amazonense melhores condições de vida em decorrência da grave crise econômica e política que atinge o país vizinho. O ministro garantiu que os estrangeiros terão todo o apoio humanitário do governo brasileiro, mas espera que a situação não seja permanente.
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“Será uma assistência pelo tempo que for necessário, mas queremos todos que seja transitório. E aí está o desafio da ação administrativa, do município, do estado e da União: assistir até que ponto para que não se torne permanente a assistência”, declarou o ministro.
Segundo a secretária estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Graça Prola, a prioridade do governo no momento é ajudar na geração de emprego e renda aos indígenas warao. Uma das alternativas é a parceria com feiras de Manaus para venda de artesanato. Mas a barreira linguística e o perfil de trabalho ainda dificultam a inserção no mercado.
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“A parte de alternativas de renda ainda está deixando a desejar, em razão da língua, que a gente precisa trabalhar o português, e também a questão do empoderamento deles na parte do empreendedorismo que a gente não tem ainda. Mercado de trabalho formal é mais difícil porque não temos vaga no comércio e na indústria. E a formação da maioria é agricultor, pescador e carreteiro, que são motoristas. Desse perfil não dá para colocar no mercado de trabalho. Aí a alternativa é o mercado informal e o empreendedorismo”, afirmou a secretária.
O venezuelano Euvélio Mariano diz que o atendimento oferecido no abrigo em Manaus é bom, mas ele ressalta que os warao querem trabalhar. “Aqui estamos bem, graças a Deus. Temos alimentação e medicina. Mas não temos é trabalho e queremos trabalhar. A maioria já tem documento, carteira de trabalho. Sabemos trabalhar de tudo um pouco, mas não entendemos muito o idioma português”, contou o indígena.
Roraima e Amazonas
Antes de irem a Manaus, o ministro e o presidente da Funai estiveram em Boa Vista. Segundo Franklimberg de Freitas, houve uma tentativa em Roraima, sem sucesso, de interação entre os indígenas venezuelanos warao e os brasileiros wapichana. “Nossos indígenas claro gostariam de auxiliar [os waraos], entretanto quando você fala em ceder seu território para outro grupo isso dificulta a conversação. Até houve essa iniciativa, mas foi encerrada. Mas os atendimentos continuam nos centros de atendimentos para os índios venezuelanos”, contou.
O governo federal vai destinar prioritariamente R$ 480 mil reais para atender o abrigo em Boa Vista, onde estão cerca de 320 imigrantes indígenas e não indígenas venezuelanos. O alojamento na capital amazonense, que auxilia 250 estrangeiros, também deve receber recursos, mas ainda não há previsão. Torquato Jardim disse ainda que o trabalho da Polícia Federal na fronteira para identificação dos imigrantes será intensificado.
"Vamos encontrar a melhor solução possível. Estamos buscando a ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU), mas o governo venezuelano se recusa a deixar que ela entre para garantir os direitos de vocês", destacou o ministro ao conversar com os indígenas. As informações são da Agência Brasil.