Após 3 meses, investigação da delação da Odebrecht emperra

Caso da empreiteira chegou a ser chamado de "delação do fim do mundo" por envolver políticos de todos os partidos e tendências

© Reuters

Política JUSTIÇA 10/07/17 POR Folhapress

Três meses depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizar a abertura de inquéritos, as investigações envolvendo a delação de executivos da Odebrecht não avançam.

PUB

O caso da empreiteira chegou a ser chamado de "delação do fim do mundo" por envolver políticos de todos os partidos e tendências.

+ Distribuição de inquéritos da Odebrecht vai expor opiniões de ministros

Uma análise feita pela reportagem aponta que tem sido difícil para os investigadores comprovar os relatos feitos pelos delatores à PGR (Procuradoria-Geral da República).

Há outro fator que coloca uma incógnita sobre o futuro das investigações: 24 dos 77 inquéritos abertos desde abril saíram das mãos de Edson Fachin, relator original, e foram para outros ministros. E esse número aumenta a cada dia.

Nenhuma denúncia foi apresentada até agora em relação a esses inquéritos. A delação da JBS, homologada em maio – quase quatro meses após a da Odebrecht –, já virou base para três acusações da Procuradoria, uma delas tendo como alvo o presidente Michel Temer.

Após abertos, os inquéritos da Odebrecht foram enviados para a Polícia Federal, com prazo fixado de 30 dias para cumprimento de diligências. A PF, no entanto, não conseguiu realizar todas as medidas e solicitou mais tempo em cada uma das investigações.

PROVAS

Pela leitura dos andamentos dos inquéritos, que são públicos, é possível verificar que a maior dificuldade tem sido de buscar provas sobre os pagamentos realizados.Mais de 40 pessoas foram à PF prestar depoimento. Uma série de pesquisas foi solicitada, como a evolução patrimonial dos investigados, acesso e destino de pessoas no Congresso e prestações de contas em eleições.

Todos os políticos ouvidos negaram as acusações. Oito ministros, 39 deputados e 24 senadores foram delatados.

Aos delatores, que também foram chamados a depor novamente, a PF pediu mais detalhes dos repasses, mas em geral teve respostas vazias.

Em alguns casos, a polícia identificou contradições. O ex-diretor de Relações Institucionais Alexandrino Alencar, por exemplo, afirmou ter feito uma reunião com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) em 2010 para tratar de doação de campanha.

Ele disse que o encontro foi no escritório da então candidata, em Porto Alegre.Em seu depoimento, a petista afirmou que só alugou a sala mencionada em 2014, levando como prova seu contrato com a imobiliária.

RELATORIA

Fachin é, desde a morte de Teori Zavascki, em janeiro, o relator da Lava Jato na corte.

A distribuição dos casos para outros ministros ocorre porque, na visão do STF, há nessas investigações falta de conexão com o tema principal da Lava Jato, o desvio de dinheiro da Petrobras.

Com as mudanças, 10 dos 11 ministros decidirão sobre suspeitas referentes à empreiteira, o que deve gerar conflitos, com definições e interpretações diferentes para situações semelhantes, além de debates entre as duas turmas do tribunal.

"Esse é o sistema regimental e não se pode ver nisso qualquer insegurança. O inverso é que fugiria à organicidade do direito", diz o ministro Marco Aurélio Mello."Isso não atrapalha o andamento. A demora se dá mais pelo tempo das investigações", afirma Gilmar Mendes.

Ministros, investigadores e advogados afirmam que a redistribuição é importante para a celeridade dos processos, mas se dizem preocupados com a possível desigualdade nas decisões.

"É natural que os juízes tenham entendimentos diferentes. Mas o STF, que é a corte suprema, deveria se pautar por uniformizar os tribunais. E eles vão fazer justamente o contrário. Isso vai gerar tratamento desigual para os réus e já esta gerando", afirma o advogado Leonardo Sica, doutor em direito penal.

Advogados discordam sobre a existência de critérios para a distribuição.

Para Gustavo Badaró, professor de direito da USP, "não tem havido critério seguro para determinar quando um inquérito é conexo com a Lava Jato". "O STF deveria ser o guardião, mas a gente vê que a conveniência é o que está dando o tom", diz.

"Acho que o Supremo está observando o critério de forma bastante técnica", disse o advogado Luis Henrique Machado, que defende Renan Calheiros (PMDB- AL) e outros políticos. Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

economia Dinheiro Há 16 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

tech Aplicativo Há 16 Horas

WhatsApp abandona celulares Android antigos no dia 1 de janeiro

brasil Tragédia Há 10 Horas

Sobe para 14 o número desaparecidos após queda de ponte

mundo Estados Unidos Há 17 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Realeza britânica Há 9 Horas

Rei Chales III quebra tradição real com mensagem de Natal

fama Emergência Médica Há 17 Horas

Gusttavo Lima permanece internado e sem previsão de alta, diz assessoria

brasil Tragédia Há 17 Horas

Vereador gravou vídeo na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira pouco antes de desabamento

fama Hollywood Há 12 Horas

Autora presta apoio a Blake Lively após atriz acusar Justin Baldoni de assédio

mundo Estados Unidos Há 12 Horas

Policial multa sem-abrigo que estava em trabalho de parto na rua nos EUA

brasil Tragédia Há 16 Horas

Mãe de dono da aeronave que caiu em Gramado morreu em acidente com avião da família há 14 anos