Google tenta influenciar políticas públicas, diz ONG

Em mais da metade dos casos (54%), os pesquisadores receberam dinheiro diretamente do Google

© Arnd Wiegmann / Reuters

Mundo Pesquisa 13/07/17 POR Folhapress

Nos últimos anos, o Google gastou milhões de dólares financiando pesquisas acadêmicas nos EUA e na Europa para tentar influenciar governos e a opinião pública, segundo um relatório publicado nesta semana.

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A ONG Campaign for Accountability (CfA), autora do estudo, identificou 329 artigos publicados de 2005 a 2017 sobre assuntos de interesse do Google ligados à área de políticas públicas que, em alguma medida, foram financiados pela empresa.

Em mais da metade dos casos (54%), os pesquisadores receberam dinheiro diretamente do Google. Os demais trabalharam, ou estavam afiliados, a grupos ou instituições financiados pelo Google.

Na maioria dos casos (66%), os autores dos artigos, que receberam de US$ 5 mil a US$ 400 mil da empresa, não revelaram o financiamento corporativo. Mesmo quando os trabalhos foram financiados diretamente pelo Google, os acadêmicos omitiram esse informação em mais de um quarto (26%) dos casos.

Os artigos acadêmicos examinados tratam de um conjunto amplo de questões políticas e legais de importância crucial para o Google, como antitruste, privacidade, neutralidade da rede, neutralidade de pesquisa, patentes e direitos autorais.

"O Google usa sua imensa riqueza e poder para tentar influenciar os formuladores de políticas públicas em todos os níveis. No mínimo, os reguladores deveriam estar conscientes de que os estudos favoráveis ao Google foram pagos pela companhia", disse o diretor-executivo da CfA, Daniel Stevens.

Entre os exemplos da atuação da gigante da internet, o relatório revela que o número de artigos financiados pelo Google aumentou durante os períodos em que seu modelo de negócios estava sob ameaça de medidas regulatórias e quando surgiram oportunidades para aprovar novas leis contra concorrentes.

Segundo o documento, os estudos financiados pelo Google foram publicados por uma grande variedade de institutos e universidades, e muitas vezes obscurecem a linha entre pesquisa acadêmica e advocacia paga.

Os artigos foram assinados por pesquisadores de algumas das mais importantes universidades americanas, como Stanford, Harvard, MIT, Berkeley, Rutgers e Columbia, e europeias, como a Universidade de Oxford, no Reino Unido, e a Universidade de Leuven, na Bélgica.

Em sua resposta, o Google afirmou que o relatório é "altamente enganador", pois incluiu qualquer trabalho apoiado por qualquer organização que já tenha recebido financiamento.

"Nosso apoio aos princípios subjacentes a uma internet aberta é compartilhado por muitos acadêmicos e instituições que têm uma longa história de pesquisa sobre esses temas -em áreas importantes como direitos autorais, patentes e livre expressão", disse a diretora de políticas públicas da companhia, Leslie Miller.

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"Fornecemos apoio para ajudá-los a realizar mais pesquisas e aumentar a consciência sobre esses temas."

Segundo Miller, a empresa espera que os pesquisadores divulguem o financiamento e mantenham a independência. Alguns dos artigos listados no relatório contêm críticas ao Google em questões como neutralidade da rede. Com informações da Folhapress.

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