© Kim Kyung Hoon / Reuters
A segunda maior movimentação política dos últimos 20 anos. Foram 25 trocas de membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, às vésperas da votação sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer, acusado de corrupção passiva pelo Ministério Público Federal (MPF).
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A manobra atingiu o resultado almejado pela base aliada do governo: a recusa do relatório favorável ao andamento do processo. Mas não rendeu somente bonus. Também "choveram" críticas e xingamentos por parte dos deputados da oposição, inconformados com a "dança das cadeiras".
O deputado Major Olímpio (SP) foi um deles. Segundo a Folha de S. Paulo, ele disse ter sido tratado como "corno", sendo o "último a saber" que seria retirado do posto que ocupava na CCJ, pelo seu partido, o Solidariedade, indo parar na cadeira de suplente. O objetivo era dar lugar a alguém que votasse a favor de Temer.
E assim foi feito com mais 24 parlamentares. O resultado se viu ao fim da votação: 40 votos contra e apenas 25 a favor do relatório de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), favorável à aceitação da denúncia do MPF contra o presidente. Houve ainda uma abstenção.
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Ainda segundo o jornal, dos 40 membros do colegiado pró-Temer, 12 foram colocados nos últimos dias. A CCJ é formada por 66 parlamentares, mais 66 suplentes. Os partidos são os donos das cadeiras e podem mexer a gosto, mesmo contra a vontade do parlamentar.
"Este governo é bandido, é covarde", bradou. "Cambada de bandido! Está tudo grudado no saco do governo! Quem manda é o Temer, esse bandido! É um lixo de governo! Quadrilha organizada!", afirmou o deputado Delegado Waldir (PR-GO), que há dois anos era membro do colegiado e foi deposto.
A oposição ainda tentou barrar a manobra, entrando com ação no Supremo Tribunal Federal, mas a ministra Cármen Lúcia entendeu que o tema só diz respeito ao Congresso.
Com a repercussão negativa, mas aliviado, Temer respondeu às críticas e disse, por meio de sua assessoria, que "esse procedimento é atribuição exclusiva dos líderes partidários e que só eles podem responder pelas trocas feitas segundo o regimento da Câmara".
No topo das maiores manobras políticas dos últimos 20 anos está o movimento orquestrado, também pelo governo Temer, no fim do ano passado, quando partidos fizeram 34 substituições para aprovar a reforma da Previdência.