© Andre Freitas / AgNews
O cantor Ney Matogrosso comentou sua relação com a sexualidade e a política em entrevista publicada nesta quarta-feira (19) pelo jornal Folha de S. Paulo. O artista será homenageado da 28ª edição do Prêmio da Música Brasileiro. evento que será realizado hoje no Rio de Janeiro.
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Ney contou ter feito apenas uma campanha política em sua carreira, a favor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o tucano concorreu ao senado em 1986.
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"Cantei três músicas em um comício dele, não cobrei nada. E sabe o que eu ouvi quando saí [do palanque]? Ele entrou e disse que minha presença era uma mostra de que ele não tinha preconceito contra minorias. Mas não fui lá como representante de minorias, fui como um brasileiro que acreditava nele", contou o cantor.
O artista disse rejeitar o rótulo e afirmou ser mais útil atuando na defesa desses grupos. "Eu não defendo gay apenas, defendo índios, fiz um vídeo recentemente pedindo a demarcação de terras. Defendo os negros, que estão na mesma situação que viviam nas senzalas, estão presos aos guetos", disse.
"Me enquadrar como "o gay" seria muito confortável para o sistema. Que gay o caralho. Eu sou um ser humano, uma pessoa. O que eu faço com a minha sexualidade não é a coisa mais importante na minha vida. Isso é um aspecto, de terceiro lugar", afirmou.
O cantor também mostrou descontentamento com o estado atual da política brasileira e revelou que não costuma engrossar os coros de "Fora, Temer" que ocorrem em seus shows. Em reposta, ele costuma cantar a música "O Tempo não Para" (1986) para o público. "Eu apenas não grito. Acho que não me compete. Mas aceito que gritem. Isso está em toda parte, é um desejo das pessoas".
"Não tenho essa coisa partidária, estou mais preocupado com o ser humano. Se quiser me definir, diga que eu sou um humanista. Primeiro, não acho que existe esquerda e direita, a meta é a mesma para ambos os lados: a chave de cofre e o poder. Não tenho mais ilusões. Antigamente eu te diria que era de esquerda. Até que, quando eu achei que a esquerda iria me compreender, porque eu estava tentando cariar a ditadura, a esquerda me descia o cacete. Não entenderam que eu podia ser útil", afirmou.