Romance de Etel Frota explora episódio de guerra no litoral do Paraná

Autora diz ter 'perseguido' a história de 'Herói Provisório' por quase 15 anos

© Reprodução/Facebook

Cultura Flip 29/07/17 POR Folhapress

O romance de estreia da escritora paranaense Etel Frota, a ser lançado neste sábado (29) na Flip, tem como pano de fundo um acontecimento real e pouco conhecido da história brasileira. É embalado, porém, pela imaginação da autora, que diz ter "perseguido" a história por quase 15 anos.

PUB

"Foi uma possessão", disse à Folha de S.Paulo a autora de 65 anos, que já foi médica, bancária, letrista, participou da primeira turma de Jornalismo Sênior da Folha de S.Paulo, da qual é colaboradora, e faz, agora, sua primeira incursão na ficção.

Provocada por uma pequena placa na fortaleza da Ilha do Mel, no litoral do Paraná, ela mergulhou em uma pesquisa "obsessiva" sobre o ataque ao navio inglês Cormoran, em 1850, na baía de Paranaguá. O cruzador havia rebocado três navios brasileiros, suspeitos de tráfico negreiro, quando foi bombardeado pela fortaleza, numa batalha celebrada como patriótica pelos moradores locais.

O "herói provisório", que dá nome ao livro, é o capitão Joaquim Ferreira Barboza, comandante do forte. Relutante ao ataque, ele acabou cedendo à pressão popular, movida por interesses políticos e econômicos. Celebrado como herói, acabou julgado por um conselho de guerra, depois da repercussão diplomática do incidente. Morreu, segundo a pesquisa da autora, pobre, doente e anônimo.

"Ele foi um herói quando precisavam de um, e um bode expiatório quando assim conveio", comenta Frota. "Como, aliás, acontece até hoje. É uma história muito brasileira."

A pesquisa começou despretensiosa, conta a escritora, mas o romance ganhou corpo conforme os personagens foram sendo construídos, baseados nos recortes e remontagens de documentos históricos.

A ficção se tornou um caminho sem volta: ao capitão Joaquim, se uniram personagens inventados, como o frei Tristão, a escrava Ignácia e a antagonista senhora Eulália. Eles dão contexto ao romance, que retrata um Brasil imperial e escravocrata, turvando os limites entre a historiografia oficial e a invenção.

O dilema de se apoderar do nome e da biografia de um personagem histórico, ainda que com a licença da invencionice literária, deu à escritora "crises de consciência". A ausência de informações sobre a vida do capitão nascido em 1783 acabou abrindo caminho à ficção. "Ele teve uma vida histórica irrecuperável, como irrecuperáveis seremos todos nós", afirma.

Ao encontrar, depois do ponto final do livro, alguns dos descendentes do capitão de Cunha (SP), que pouco sabiam de seu antepassado, ela parece ter encontrado uma resposta –ou, ao menos, um subterfúgio para sua consciência, como ela mesma brinca. "Tardia e canhestramente, ele foi apresentado aos seus descendentes. Que a memória dele possa me absolver.

O HERÓI PROVISÓRIO

AUTORA Etel Frota

EDITORA Travessa dos Editores

QUANTO R$ 50 (págs. 285). Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Rio Grande do Sul Há 14 Horas

Avião cai em Gramado; governador diz que não há sobreviventes

mundo EUA Há 18 Horas

Professora que engravidou de aluno de 12 anos é condenada

fama GUSTTAVO-LIMA Há 20 Horas

Gusttavo Lima é hospitalizado, cancela show no festival Villa Mix e fãs se revoltam

fama WILLIAM-BONNER Há 17 Horas

William Bonner quebra o braço e fica de fora do Jornal Nacional no fim do ano

brasil BR-116 Há 18 Horas

Acidente com ônibus, carreta e carro deixa 38 mortos em Minas Gerais

fama Pedro Leonardo Há 19 Horas

Por onde anda Pedro, filho do cantor Leonardo

lifestyle Smartphone Há 18 Horas

Problemas de saúde que estão sendo causados pelo uso do celular

esporte FUTEBOL-RIVER PLATE Há 18 Horas

Quatro jogadoras do River Plate são presas em flagrante por racismo

fama Vanessa Carvalho Há 18 Horas

Influenciadora se pronuncia após ser acusada de trair marido tetraplégico

mundo Síria Há 20 Horas

'Villa' luxuosa escondia fábrica da 'cocaína dos pobres' ligada a Assad