© Paulo Whitaker/Reuters
Dados da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo apontam que apenas 17% dos usuários de drogas da cracolândia internados pela gestão João Doria (PSDB) concluíram o tratamento.
PUB
Desde que Doria foi derrotado na Justiça por pedir a internação de usuários à força, o número de encaminhamentos voluntários - ou seja, por vontade do usuário - foi de 842. Deste número apenas 122 internações foram levadas até o fim.
Outro dado é que 73% das internações, equivalente a 536 casos, foram interrompidas a pedido do usuário.
A coordenadora da comissão de drogas da Associação Brasileira de Psiquiatria, Ana Cecília Marques, classifica a parcela de internações concluídas como "baixíssima". A especialista comparou o resultado com a adesão na casa dos 50% que, segundo Marques, existe na rede particular onde trabalha.
+ Vaticano responde a casal gay que agradece ao Papa batismo dos filhos
Marques diz que a explicação para a estatística pode estar relacionada ao perfil do usuário. "Em ambulatório particular, não é um paciente que está nas condições em que o Redenção atende. Meu paciente, apesar de muitas vezes em estado grave, tem família, tem apoio em casa", diz.
A especialista acredita que, para melhorar a adesão, talvez seja preciso focar no perfil dos usuários. "A primeira coisa é conhecer a amostra, qual o perfil dos pacientes que estão lá, quantos são dependentes, quantos tem doença mental", explica.
O coordenador do programa de combate ao crack da prefeitura, o psiquiatra Arthur Guerra, diz que as recaídas fazem parte do "quadro clínico nessas doenças crônicas, não só para dependência química".
De acordo com a Folha de S. Paulo, o especialista afirmou que como as internações são voluntárias, os usuários não podem ficar internados de forma involuntária.