O que acontece se um asteroide entrar em rota de colisão com a Terra?

Astrônomo que lidera o Observatório SONEAR responde esta e outras questões

© pixabay

Tech Espaço 10/08/17 POR Notícias Ao Minuto

Rumores de que um asteroide vai passar a uma distância próxima a Terra já podem ser motivo de pânico. Agora, imagine só se um asteroide estiver realmente em rota de colisão com um planeta? E outra, seria possível que agências espaciais pudessem esconder esta informação?

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Para tentar encontrar respostas, a coluna 'Mensageiro Sideral', da Folha de S. Paulo, conversou com Cristóvão Jacques, o astrônomo que lidera o Observatório SONEAR, em Oliveira (MG). Seu trabalho consiste em descobrir asteroides e fazer imagens sequenciais, para registrar sua movimentação.

“O processo é o seguinte: a gente descobre o asteroide, verifica se ele já não é conhecido, e, caso não exista na base de dados, a gente envia para o Minor Planet Center [órgão da União Astronômica Internacional], que é o centro que coleta essas informações”, conta Jacques ao Mensageiro Sideral. “O Minor Planet Center recebe essa informação e disponibiliza esse objeto numa página, e aí os cientistas e observatórios do mundo inteiro vão tentar seguir aquele asteroide para melhorar a [estimativa da] órbita dele", explicou.

Jacques contou que, em abril do ano passado, os pesquisadores descobriram um objeto e enviou um alerta para a Nasa. Em seguida, o grupo precisaria esperar aproximadamente 1 hora para fazer outra imagem.

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“Mas nesse tempo, entre a descoberta e o tempo em que eu consegui fazer o segundo lote de imagens, começaram a pipocar as observações, e o pessoal mandando os e-mails, eu via eles dando aquele ‘forward’ na mensagem, e eu vi ali, ‘alerta, não sei o quê, asteroide com tanto percentual de probabilidade de chocar com a Terra, não sei quê, tarará’. E aí, no momento que nós fizemos a segunda observação, que eu enviei, vi que não era um asteroide — era um satélite artificial ou lixo espacial que estava perdido, que não estava catalogado. Então, a partir da segunda observação, excluímos toda a questão de possibilidade de bater na Terra. Então, esse foi o primeiro caso", disse.

Poucos meses, outro caso similar ocorreu. Neste caso, era um asteroide de verdade. “Descobrimos em agosto do ano passado, no final da madrugada, lá para as 4h da madrugada. E às 5h da manhã, eu estava acordado, fiz uma segunda imagem desse asteroide e eu vi que ele ia passar a 80 mil km da Terra mais ou menos 20 horas depois", contou.

No final da noite, os cientistas puderam ter uma ideia mais razoável de onde o asteroide ia passar - a 86 mil km da Terra.

Os relatos apontam como funciona o sistema de detecção de asteroides, que é um trabalho colaborativo. Ou seja, caso um grupo de pesquisadores tente "esconder" a descoberta de um asteroide em rota de colisão, outro grupo irá descobrir em questão de dias.

“Eu vou dizer que é muito, muito difícil ter uma conspiração de as pessoas não saberem", revela.

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