Brasileiros revelam por que preferem viver na Venezuela

Mesmo com medo, dificuldade para comprar medicamentos e alimentos, alguns brasileiros preferem a vida no país governado por Maduro

© Ueslei Marcelino/Reuters

Mundo em meio ao caos 17/08/17 POR Notícias Ao Minuto

Com o agravamento da crise política e econômica na Venezuela, toda a população teve de se adaptar e mudar o estilo de vida. Brasileiros que vivem no país revelam estratégias que adotaram para enfrentar os problemas. De máscara de gás sempre à mão, compras nos Estados Unidos e estoques de mantimentos, valem diversas estratégias para ter uma vida melhor em meio aos conflitos. Alguns, no entanto, preferem a vida no país governado pelo presidente Nicolás Maduro do que no Brasil.

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Em entrevista ao G1, o publicitário Bobby Coimbra, que mora há 28 anos na Venezuela, contou que mantém uma máscara de gás na mesa de trabalho, pois em dias de confronto intenso, a fumaça e o cheiro de gás lacrimogêneo podem ser sentidos da agência. “Nós estamos no primeiro andar, em uma área comercial nova, e temos uma vista privilegiada para ver os protestos. Às vezes, o cheiro de gás lacrimogêneo sobe. É por isso que eu tenho a máscara”, explicou.

O executivo também foi afetado pela redução da quantidade de voos de Caracas para Miami, nos Estados Unidos. Segundo ele, antes eram 11 voos diários e hoje são apenas dois.

Um outra dificuldade de Coimbra é encontrar medicamentos. “Por causa da crise, os laboratórios mais importantes do país diminuíram a participação no país. Mesmo quem tem dinheiro, está tendo dificuldade para ter acesso a remédios”, observou.

Contudo, o publicitário afirma: "Tenho um carinho por esse país. Só saio daqui se tornarem a publicidade ilegal”, brincou.

Uma outra brasileira de 38 anos, que falou com o site, mas não quis revelar a sua identidade, considera que o país vive um ditadura, tanto que não se sente à vontade para dar entrevistas. A moradora de Valencia conta que apaga mensagens no celular para evitar complicações com os serviços de segurança. “Não fui abordada na rua, mas tenho várias pessoas no meu entorno que já foram. Todos os dias tem que apagar tudo do celular: foto, conversas no WhatsApp, porque nas batidas policiais eles revistam carro, celular”, revelou.

Ela trabalha com venda de produtos importados e se nega a dar detalhes. A autônoma fala que a inflação, que supera 800% ao ano, prejudica principalmente a população de baixa renda e que o salário mínimo não é suficiente para que as pessoas consigam se manter.

Quem tem dinheiro, como a minha família, não tem problema porque pode pagar caro, mas as pessoas que não têm condições, que são a maioria, estão passando muita dificuldade.”

Ela conta que não há produtos básicos nos supermercados e as farmácias estão desabastecidas. "Agora estão trazendo remédios da Colômbia, mas são caríssimos”, afirma. Ela conta que não consegue comprar os seus remédios controlados há três meses.

Uma outra brasileira, que também preferiu não se identificar, mora há dois anos em Caracas, em um bairro afastado do centro, onde as manifestações quase não passam. "O que mais falta aqui é a comida do pobre. É arroz, feijão, açúcar, pão, café, que é o alimento do dia a dia de qualquer pessoa", diz.

Você chega aqui no mercado, encontra lula, polvo, camarão, todo tipo de peixe, tudo fresquinho. Nunca cheguei numa feira ou num supermercado pra não ter frutas, não ter verduras, à vontade. Isso nunca faltou nos dois anos em que estou aqui. (...) O que mais falta aqui é a comida do pobre. É arroz, feijão, açúcar, pão, café, que é o alimento do dia a dia de qualquer pessoa."

Ela faz comprar em lojas online dos Estados Unidos e pede para entregar em sua casa em Caracas. A taxa de entrega pode chegar a 1.000 dólares, segundo conta. Ela combina com outros amigos brasileiros e dividem a compra.

A brasileira disse ainda que não costuma sair muito de casa. "A gente tem medo de tudo, a gente não sai pra nada, porque tem medo de sequestro. À noite as ruas de Caracas são muito escuras, então a gente evita ao máximo, é uma vez ou outra", disse. "É uma vida muito privada, muito restrita de várias coisas. Você tem tudo e não tem nada", concluiu.

Mesmo em meio ao caos, ela diz que morar no país tem um custo muito baixo. "Temos amigos que voltaram para o Brasil e a maioria está desempregada. Aqui na Venezuela, com todas as dificuldades, com todos os problemas, ainda há uma qualidade de vida melhor do que no Brasil, por incrível que pareça", explicou.

Hoje na Veneuela a gasolina sai de graça praticamente. Você vai no salão, você paga R$ 5 numa escova de cabelo, a mão de obra que trabalha na sua casa não chega a um terço do valor do que se paga no Brasil. Tudo o que você precisa, que é primordial para se ter numa casa, é muito melhor você viver ainda aqui do que no Brasil."

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