©  REUTERS/Juan Carlos Ulate
A chavista dissidente Luisa Ortega Díaz, procuradora-geral deposta pela Assembleia Constituinte da Venezuela, acusou nesta segunda-feira (28) o ditador Nicolás Maduro de desviar do Tesouro nacional de US$ 8 milhões a US$ 10 milhões em espécie.
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Segundo ela, a saída do dinheiro foi registrada como pagamento pelos serviços de uma empresa de marketing político, mas encobria o que chamou de "uma milionária rede de corrupção" do líder.
Ortega Díaz diz que a receptora foi a Contextus Comunicación Corporativa. A empresa participou da campanha do chavismo nas eleições legislativas de 2015 e produziu material para a petroleira PDVSA e o Estado de Zulia, governado pelo chavista Francisco Arias Cárdenas.
A procuradora deposta afirma que a empresa era usada como fachada para o esquema. O elo seria sua diretora-geral, Mónica Ortigoza Villasmil, mulher de Alejandro Escarrá Gil.
Escarrá Gil é filho do constituinte Hermann Escarrá, um dos dirigentes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e alvo de sanções econômicas dos Estados Unidos desde o fim de julho.
Ortega Díaz associa a punição do Departamento do Tesouro americano ao esquema e declarou que entregará suas provas à Justiça americana nos próximos dias.
Escarrá, Maduro e a Contextus Comunicación Corporativa não se manifestaram sobre as acusações até a conclusão desta edição.
As novas acusações foram feitas em visita à Costa Rica, quarto país pelo qual passa desde que deixou a Venezuela em 16 de agosto.
Além de denunciar o novo esquema, ela incluiu Escarrá e outros dois chavistas entre os beneficiários do esquema de corrupção nos contratos do governo com a construtora brasileira Odebrecht.
Ortega Díaz já havia acusado Maduro e três dos principais dirigentes do chavismo -Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez e Elías Jaua- de terem recebido propina da construtora brasileira, que diz ter pago US$ 98 milhões a políticos venezuelanos.
MATADORES
Na visita a San José, ela também denunciou à Corte Interamericana de Direitos Humanos, cuja sede fica na capital costa-riquenha, que o regime de Maduro contratou mercenários para matá-la.
"Não posso voltar para a Venezuela. Se volto vão me obrigar a colocar um uniforme fúcsia e vão me prender. E vão me dar sumiço, me torturar e não sei mais quantas coisas vão fazer contra mim."
E disse que o ditador quer censurar as redes sociais, que considera o único meio de comunicação livre do país. (Folhapress)