© Beto Barata/PR
O presidente Michel Temer avaliou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi afoito na apresentação do pedido de homologação da delação premiada do corretor de valores Lúcio Funaro.
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O comentário foi relatado à Folha de S.Paulo por quatro auxiliares e aliados que o acompanharam na aeronave presidencial durante viagem para Pequim, onde realiza visita oficial.
Segundo eles, o presidente criticou o fato de o chefe do Ministério Público Federal ter acelerado o processo para, na avaliação dele, tentar prejudicar sua participação em encontro dos Brics, que terá início na próxima semana.
Na quarta-feira (30), o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), devolveu a delação premiada para a PGR (Procuradoria-Geral da República), que precisará ajustar uma cláusula relativa a improbidade administrativa.
Na China, ao ser questionado pela imprensa brasileira sobre o assunto, o presidente evitou criticar a Procuradoria e disse que "só soube da notícia" e deve ter havido "algum equívoco" no conteúdo do acordo.
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"Certamente nós vamos esclarecer. Eu suponho até que o procurador deverá esclarecer e vai devolver. Essa coisa está no Judiciário, não é mais comigo", afirmou.
Ele negou que o pedido de suspeição de Janot, feito por sua defesa e negado por Fachin, tenha como objetivo desqualificar o chefe do Ministério Público Federal.
"No plano jurídico, quando alguém começa a agir suspeitamente, você tem que arguir da suspeição. E quem decide é o Poder Judiciário. Ele que vai decidir o que deve haver. O que não se pode é manter o silêncio", disse
A expectativa é que Janot faça os ajustes necessários se possível ainda nesta quinta-feira (31), já que o conteúdo deve ser usado na segunda denúncia que será apresentada por ele contra o peemedebista.
O presidente ficou sabendo da decisão de Fachin em parada técnica no Cazaquistão, ainda na noite de quarta-feira (30) no Brasil, quando o sinal de internet da aeronave foi restabelecido.
Segundo um dos presentes, ele achou graça de comentário feito pelo ministro do STF Gilmar Mendes de que o chefe do Ministério Público Federal é "um sindicalista" alçado ao atual cargo.
LEITÃO
Além de assessores e ministros, o presidente levou na viagem uma comitiva com onze parlamentares, incluindo o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (PMDB-MG).
Para o deslocamento, o deputado federal levou um leitão, feijão tropeiro, linguiça e carne de sol. Para comemorar o aniversário de Rogério Rosso (PSD-DF), também presente na aeronave, serviu um sorvete de goiabada e queijo.
Em um encontro fora da agenda oficial, o peemedebista se reuniu na parada no Cazaquistão com o comando da Eurasian Mining Group, que demonstrou interesse em participar de licitação para a construção de trecho da Ferrovia Oeste-Leste, na Bahia.
A empresa tem participação na Bamin, que detém o controle de uma mina no Estado. A ideia é que ela forme um consórcio com empresas chinesas para participar da licitação, que incluirá também um terminal portuário em Ilhéus para a exportação de grãos e minérios.
Um protocolo de intenções para formação do consórcio deve ser assinado no sábado (2). A expectativa é de que a licitação ocorra no primeiro semestre do ano que vem.
Em Pequim, o presidente teve encontro com executivos do setor energético. Segundo ele, todos demonstraram interesse na aquisição da Eletrobrás, que será privatizada.
"Alguns reclamaram de uma certa burocracia, especialmente no plano fiscal. Nós dissemos que, ao longo do tempo, nós estamos desburocratizando esses setores com vistas exatamente a acolher esses investimentos", disse.
Nesta quinta-feira (31), o presidente se reunirá com o presidente da China, Xi Jinping, para discutir a relação bilateral entre os dois países.
No encontro, deverão ser assinados acordos entre os dois países, como da facilitação de vistos para viagens de negócios e turismo. Com informações da Folhapress.