© REUTERS/Brendan McDermid
Enquanto a tempestade tropical Harvey se move em direção ao estado de Lousiana, nos Estados Unidos, a cidade de Houston no Texas e a costa Sul do estado continuam sob efeito de inundações e os prejuízos acumulados vão se tornando mais visíveis.
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Consultorias apontam que o prejuízo econômico pode chegar a US$160 bilhões (o equivalente a R$ 503 bi) – o que representa o desastre natural mais caro da história do país. O governador do Estado, Greg Abbot, disse que o estado vai precisar de US$ 125 bilhões de recursos federais (R$ 393 bilhões) para reconstruir áreas atingidas e apoiar a população.
A passagem do Harvey impactou toda a população local: empresas, infraestrutura, moradores e também o mercado nacional, já que a região abriga um importante polo petroquímico do país. O Texas tem a segunda maior economia dos Estados Unidos, só perde para a Califórnia. O Produto Interno Bruto (PIB) do estado no ano passado foi superior a US$1,6 trilhão (R$ 5 trilhões).
O efeito da tempestade é sentido na alta da gasolina: pelo menos seis grandes refinarias estão fechadas e por isso o combustível já está chegando mais caro a algumas regiões. Antes da passagem do Harley, o preço do galão de gasolina em Atlanta, na Geórgia, era de US$2,10 (por galão de 3,7 litros, cerca de R$ 6,60). Agora, o produto já pode ser encontrado a US$2,45 por galão (R$ 7,70).
As autoridades estão em alerta por causa das fábricas que sofreram descargas elétricas e apagões desde sexta-feira (25). Uma indústria química a noroeste de Houston registrou duas explosões hoje (31), mas a área continua sob alerta porque podem ocorrer novas explosões. Os moradores em um raio de dois quilômetros deixaram as casas.
Outro alerta é sobre os reservatórios de petróleo e gasolina. Há uma preocupação com vazamentos, já que esses tanques não foram projetados para estar em contato direto com a água. Existe um risco de que ocorram rupturas e que combustíveis alcancem as águas – hipótese que seria, segundo as autoridades, uma tragédia ambiental sem precedentes.
População atingida
Os custos para reconstruir a região vão ser sentidos especialmente para a população das áreas atingidas. Uma outra estimativa divulgada pela imprensa americana, feita por consultorias de risco, aponta que 80% dos moradores da região afetada não possuem seguro residencial. Mais de 40 mil casas foram destruídas, segundo o governo local.
E na área metropolitana de Houston, mais de 1,3 milhão de pessoas não possuem seguro saúde, de acordo com estimativas do censo. Além disso, 22,5% da população da cidade vive abaixo da linha da pobreza, de acordo com os números do censo estadual.
Já são 35 mortes confirmadas no Texas e ainda há centenas de desaparecidos, segundo o governo. A Guarda Costeira recebe mais de mil chamadas por hora de pessoas que necessitam ser resgatadas.
O Exército e voluntários também trabalham para ajudar as vítimas. A Cruz Vermelha recolhe sangue para levar aos feridos e entrega donativos nas áreas mais afetadas via helicóptero.
Até o momento, foram resgatadas dez mil pessoas pelas forças federais. Ao todo, 24 mil soldados das tropas da guarda nacional trabalham em operações de salvamento.
Políticos
Hoje (31) o vice-presidente Mike Pence viajou para o Texas. Na terça-feira (29), o presidente Donald Trump esteve no local acompanhado da primeira dama, Melanie Trump. Em um discurso improvisado na cidade de Corpus Christi, Trump elogiou o trabalho de todos os envolvidos e a logística de atenção às vítimas.
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O presidente norte-americano alfinetou seu antecessor Barack Obama, ao lembrar que "nessa tragédia não houve problemas de desabastecimento para as vítimas" e que ele também viajou rapidamente para o local.
Obama foi bastante criticado após a passagem do Furacão Katrina em Nova Orleans, Lousiana em agosto de 2005. Na época, o então presidente e seu governo foram criticados pela imprensa por terem demorado alguns dias para viajar ao local e também porque faltou comida e água em alguns abrigos improvisados na ocasião.
Apesar de a visita de Donald Trump ter agradado ao eleitorado, ele tem recebido críticas de parte da imprensa, que o acusa de dar mais atenção às provocações da Coreia do Norte, no tema dos mísseis balísticos, do que ao problema interno e às dificuldades enfrentadas pelo Texas. (Agência Brasil)