© Marcelo Camargo/Agência Brasil
Durante a última sessão que comandou no conselho do Ministério Público Federal (MPF), ocorrida nesta terça-feira (5), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez um desabafo.
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"Eu agi com muita coragem e ontem [segunda] foi um dos dias mais tensos e um dos maiores desafios desse período. Alguém disse pra mim: 'Você realmente é um homem de muita coragem'. Aí eu parei e pensei: 'Será que sou um homem de coragem mesmo?' Cheguei à conclusão de que não tenho coragem alguma", declarou Janot, ao se referir à assinatura de uma portaria que instaura procedimento de revisão da colaboração premiada de três dos sete executivos do Grupo J&F.
Segundo o procurador-geral, dependendo do resultado da investigação, os benefícios oferecidos no acordo de colaboração de Joesley Batista e mais dois delatores poderão ser cancelados.
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"Na verdade, o que eu tenho é medo. E o medo nos faz alerta. E medo do quê? Medo de errar muito e decepcionar minha instituição. E todas as questões que eu enfrentei, eu enfrentei muito mais por medo, medo de errar, medo de me omitir, medo de decepcionar minha instituição do que por coragem de enfrentar esses enormes desafios", completou.
Rodrigo Janot deixa o comando do MPF no próximo dia 17, quando será substituído por Raquel Dodge. Antes disso, e apesar da reviravolta na delação da JBS, ainda espera-se que ele apresente uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, dessa vez por formação de organização criminosa e obstrução de justiça.