Ex-procurador esteve na JBS um dia antes de Joesley grampear Temer

Marcello Miller foi à empresa acompanhado de Esther Flesch, então chefe da área de compliance do Trench Rossi Watanabe, escritório de advocacia no qual passou a atuar, depois de deixar a PGR, e que era um dos responsáveis por atender o grupo empresarial na negociação do acordo de leniência

© Paulo Whitaker/Reuters

Política Desdobramentos 08/09/17 POR Notícias Ao Minuto

O ex-procurador Marcello Miller, considerado ponto-chave na reviravolta envolvendo a delação da JBS, esteve na sede da empresa dos irmãos Batista, um dia antes de Joesley se encontrar com Michel Temer, no Palácio do Jaburu, na "calada da noite" e fora da agenda oficial.

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Na oportunidade, o empresário gravou a conversa que teve com o presidente. No diálogo, chegou a falar sobre a "compra" de um procurador, com o objetivo de atrapalhar as investigações da Lava Jato, e sobre o pagamento de mesada a Eduardo Cunha, para mantê-lo em silêncio na prisão.

O áudio foi usado pela Procuradoria-Geral da República para embasar, junto com outras provas, a primeira denúncia oferecida contra Temer, por corrupção passiva, e que já foi rejeitada, durante votação ocorrida no plenário da Câmara, no dia 2 de agosto.

De acordo com o colunista Lauro Jardim, de O Globo, no dia 6 de março, Miller esteve na JBS acompanhado de Esther Flesch, então chefe da área de compliance do Trench Rossi Watanabe, escritório de advocacia no qual passou a atuar, depois de deixar a PGR, e que era um dos responsáveis por atender o grupo empresarial na negociação do acordo de leniência da empresa. 

O ex-procurador Marcello Miller deve depor sobre o caso nesta sexta-feira (8).

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Nos últimos materiais entregues aos investigadores, constam diversos áudios, um dos quais possui cerca de quatro horas de duração, aparentemente gravado em 17 de março deste ano, e que traz uma conversa entre os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud. No diálogo, falam sobre suposta atuação do então procurador da República Marcello Miller, dando a entender que ele estaria auxiliando na confecção de propostas de colaboração para serem fechadas com a Procuradoria-Geral da República. Tal conduta configuraria, em tese, crime e ato de improbidade administrativa.

No entanto, tanto Miller quanto os empresários negam a sua atuação nas tratativas do acordo de delação. A versão de Joesley é a de que buscou o escritório Trench Rossi Watanabe antes da chegada de Miller e que não tem relação com a contratação do ex-procurador pela banca.

Miller pediu o desligamento do Ministério Público Federal no dia 23 de fevereiro, mas a saída só foi oficializada no dia 5 de abril.

Por causa dessa nova gravação entregue pela JBS, o procurador-geral, Rodrigo Janot, anunciou abertura de investigação para apurar omissão de informações, com ameaça de revisão dos benefícios concedidos a três dos sete delatores da empresa, incluindo a imunidade penal.

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