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Neste #SetembroAmarelo, mês de Conscientização e Prevenção do Suicídio, o Hospital Santa Mônica preparou algumas dicas sobre como ajudar as pessoas que estão com depressão e têm ideação suicida.
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Doutor Claudio Duarte, psiquiatra do Hospital Santa Mônica, dá algumas dicas abaixo:
• Por mais difícil que seja a situação, é preciso ter a certeza que pensamentos suicidas passam e que a pessoa ficará bem quanto antes buscar ajuda;
• Não ficar sozinho e procurar ajuda imediata;
• Ligar ou conversar com um amigo, com algum familiar ou com um líder religioso;
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• Caso não encontre ninguém com quem conversar, ligar para o CVV – Centro de Valorização da Vida – é só discar 141 ou acessar cvv.org.br – há pessoas de prontidão para ouvir e ajudar 24h por dia;
• E, quanto antes, procurar ajuda de um psiquiatra (caso não tenha acesso prontamente a um psiquiatra, buscar primeiramente ajuda com qualquer outro médico ou profissional de saúde. Este profissional poderá disponibilizar o encaminhamento para um psiquiatra).
É de fundamental importância falar sobre suicídio sobre os sinais de alerta. Qualquer um pode ser um herói, ao salvar uma vida – a própria ou a de outra pessoa.
E, para quem sofre de depressão, pode parecer que não há como resolver seus problemas e que o suicídio é a única maneira de acabar com a dor. Mas neste momento, é importante tomar medidas para se manter seguro – e começar a aproveitar sua vida novamente” salienta o psiquiatra. Mesmo quando as dores da vida parecem inevitáveis, lidar melhor com os sofrimentos e seguir vivo é sempre a melhor opção possível.Sintomas
Os sinais de alerta nem sempre são óbvios e podem variar de pessoa para pessoa. São apenas sinalizadores, não o diagnóstico em si, podendo nem estarem presentes e não indicarem necessariamente risco de suicídio. Mas como são comumente associados ao perfil, vale a pena serem observados e conhecidos. Algumas pessoas deixam suas intenções claras, enquanto outras mantêm os pensamentos suicidas e sentimentos ocultos.
Os sinais de alerta de suicídio ou pensamentos suicidas incluem:
• Falar sobre suicídio – por exemplo, fazer declarações como “Eu vou me matar”, “Eu gostaria de estar morto” ou “Eu queria não ter nascido”;
• Ausência ou abandono de planos futuros, desesperança;
• Obter os meios para tirar sua própria vida, como comprar uma arma ou estocar comprimidos;• Isolar-se do contato social e querer ficar sozinho;
• Apresentar mudanças de humor, como ser emocionalmente eufórico um dia e profundamente desencorajado noutro dia;
• Se mostrar muito preocupado com a morte, a morte ou a violência, embora também o completo oposto também seja preocupante, como falar destes temas com desdém ou sarcasmos;
• Sentir-se preso ou sem esperança sobre uma situação;
• Aumento ou mudança do padrão de uso de álcool ou drogas;
• Mudança importante da rotina normal, incluindo hábitos alimentares ou de sono;
• Fazer coisas arriscadas ou autodestrutivas, como usar drogas, dirigir imprudentemente ou buscar brigas ou confusões perigosas;
• Dizer adeus às pessoas como se não fosse vê-las novamente;
• Demonstrar alterações de personalidade ou estar gravemente ansioso ou agitado, particularmente quando se sentem alguns dos sinais de alerta listados acima.
Causas
Pensamentos suicidas têm muitas causas. Na maioria das vezes, os pensamentos suicidas são o resultado de sentir que não pode lidar com a situação de vida que esteja tendo naquele momento, quando você se depara com o que parece ser uma situação de vida avassaladora.
Quem não tem esperança no futuro, pode pensar que o suicídio é uma solução. Pode experimentar uma espécie de visão de túnel, onde no meio de uma crise, acredita que o suicídio é a única saída. Também pode haver uma ligação genética ao suicídio. As pessoas que sofrem suicídio ou que têm pensamentos ou comportamentos suicidas são mais as mais propensas a ter uma história familiar de suicídio. Mas lembre-se: isto não é uma sentença, cada indivíduo faz sua própria história e pode optar pela vida, buscando ajuda.
Fatores de risco
Embora a tentativa de suicídio seja mais frequente para as mulheres, os homens são mais propensos do que as mulheres a completar o suicídio, porque normalmente usam métodos mais eficazes e mais potencialmente letais.
Alguém pode estar em risco de suicídio se:
• Sente-se sem esperança, sem enxergar valor nas coisas da vida, agitado, socialmente isolado ou solitário;
• Experimentou um evento de vida estressante, como a perda de um ente querido, uma ruptura ou problemas financeiros ou legais;
• Ter um problema de abuso de substâncias – abuso de álcool e drogas pode piorar os pensamentos de suicídio e fazer você se sentir imprudente ou impulsivo o suficiente para agir em seus pensamentos;
• Atrela pensamentos suicidas e acesso a armas de fogo ou outros meios letais em sua casa ou locais que frequenta;
• Ter um transtorno psiquiátrico subjacente, como depressão grave, transtorno de estresse pós-traumático ou transtorno bipolar;
• Ter um histórico familiar de transtornos mentais, abuso de substâncias, suicídios ou violência, incluindo abuso físico ou sexual;
• Ter uma condição médica que pode estar ligada à depressão e ao pensamento suicida, como doenças crônicas, dor crônica ou doença terminal;
• Lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneros quando isso representa conflito ou sofrimento psicológico, com uma família não apoiadora ou em um ambiente hostil;
• Ter tentado o suicídio anteriormente, ainda que de forma menos letal ou mesmo quando foi apenas para chamar a atenção para um sofrimento.
Assassinato e suicídio
Em casos raros, as pessoas que são suicidas correm o risco de matar outros e depois a si mesmos. Conhecido como um homicídio-suicídio ou assassinato-suicídio, alguns fatores de risco incluem:
• História de conflito com um cônjuge ou parceiro;
• Problemas legais ou financeiros familiares atuais;
• História de problemas de saúde mental, particularmente depressão e psicose;
• Abuso de álcool ou drogas;
• Ter acesso a uma arma de fogo – quase todos os assassinatos – suicídios são cometidos usando uma arma.
Iniciar o uso de antidepressivos e o aumento ao risco de suicídio
A maioria dos antidepressivos são fármacos seguros, mas a Food and Drug Administration, nos Estados Unidos, exige que todos os antidepressivos expressem avisos de caixa preta, os avisos mais rigorosos para as prescrições. No Brasil, a ANVISA preconiza que a maioria deles seja dispensada com receituário de controle especial, com retenção de cópia na farmácia, sendo obrigatório o uso de tarja vermelha na embalagem do medicamento.
Algumas pesquisas apontaram que em certos casos, crianças, adolescentes e jovens menores de 25 anos podem ter um aumento nos pensamentos ou comportamentos suicidas ao tomar antidepressivos, especialmente nas primeiras semanas após o início ou quando a dose é alterada. Acredita-se que isto se deva à melhora inicial do sintoma “desânimo” da depressão, antes que a ideação e o estado de humor também se tornem mais positivo, fazendo com que o paciente ponha em curso e prática as ideias mórbidas e negativas da depressão que ele já poderia estar tendo antes (dentre estas, a de suicidar-se), mas que não tinha sequer energia para agir assim.
Por esta razão é necessário muita prudência e monitoramento dos profissionais no início do uso de antidepressivos, em especial nas fases iniciais do quadro.No entanto, tenha em mente que os antidepressivos são mais propensos a reduzir o risco de suicídio no longo prazo e melhorar o humor. Confie no seu médico e tenha certeza de que tais riscos são muito menores do que seguir depressivo e aí sim vir a ter comportamentos suicidas. O tratamento sempre é a melhor alternativa, então, busque ajuda!
Complicações
Os pensamentos suicidas e a tentativa de suicídio têm um forte impacto emocional. Por exemplo, pode ser tão consumido por pensamentos suicidas que pode ter sérios comprometimentos na sua vida diária. E, enquanto muitas tentativas de suicídio são atos impulsivos durante um momento de crise, podem deixar com lesões graves ou permanentes, como falência de órgãos ou danos cerebrais, ainda que a intenção não fosse propriamente se matar.
Para aqueles que passaram por atos ou comportamentos relacionados ao suicídio – pessoas conhecidas como sobreviventes de suicídio – passar a conviver com sofrimento, raiva, depressão e culpa são muito comuns e se tratam igualmente de consequências nefastas relacionadas ao tema.
Quando consultar um médico
Se alguém percebe ou desconfia que seu filho/filha, marido/esposa, ou seja, um familiar ou amigo, está apresentando sintomas depressivos ou pensamentos suicidas procure ajuda especializada imediatamente. Pode ser um psiquiatra ou um psicólogo da área para orientação. Mas lembre-se: ainda que não tenha acesso imediato a um especialista, busque ajuda de qualquer profissional de saúde: psiquiatra, médico, terapeuta, conselheiro tutelar, etc. Esta pessoa deverá saber dar o devido encaminhamento ao caso e já orientar as primeiras providências até a ajuda especializada estar disponível.