© Ueslei Marcelino / Reuters
O doleiro Lúcio Funaro, apontado como sendo o responsável pelas operações financeiras do ex-deputado Eduardo Cunha e do PMDB, relatou, em seus depoimentos de delação premiada, o caminho que fez para entregar propinas ao ex-ministro Geddel Vieira, preso nesta sexta-feira (8).
PUB
De acordo com informações da Veja, Funaro contou que, em apenas dois anos, 2014 e 2015, Geddel recebeu R$ 11,4 milhões em espécie, divididos em 11 entregas operadas pelo doleiro.
O dinheiro viajava em jato particular e era entregue ao próprio Geddel, no hangar privado do Aeroporto Internacional de Salvador. Em uma das oportunidades, ainda conforme o delator, o ex-ministro chegou a receber os pacotes com propina na festa de 15 anos da filha. Hotéis também eram usados frequentemente como pontos de encontro para o repasse.
“Ao descer do avião (com a mala de dinheiro), era indagado por Geddel a respeito da quantia que estava sendo entregue. Geddel demonstrava naturalidade ao receber os valores”, diz Funaro. “Recorda-se de ter entregue dinheiro para Geddel em São Paulo, no Hotel Renaissense, na Alameda Santos, e uma vez em Salvador, no Hotel Pestana, no dia em que a filha de Geddel estava fazendo uma festa para comemorar seus 15 anos”, complementa o doleiro.
+ Funaro diz que Temer recebia e intermediava repasses de propina
Para comprovar o que disse, Funaro apresentou aos investigadores da Procuradoria-Geral da República (PGR) registros de trocas de mensagens de celular com Geddel, históricos de voos do jatinho, planilhas de pagamentos e até extratos bancários das operações.
O delator se referiu a Geddel, que comandou a Secretaria de Governo de Temer, como “amigo e interlocutor” do presidente e como um “forte arrecadador de doações e propinas”. Ele ainda narrou em detalhes como funcionou o propinoduto na Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2015, período em que Geddel comandou a repartição.
O ex-ministro voltou a ser preso de forma preventiva, na manhã desta sexta, em cumprimento a uma ordem judicial concedida no âmbito da força-tarefa Greenfield, após operação foi deflagrada na última terça-feira (5) apreender R$ 42,6 milhões e US$ 2,6 milhões em caixas e malas num apartamento que, de acordo com as investigações preliminares, havia sido emprestado a Geddel.